O filme "Sicario: Guerra de Cartéis" não poderia ser mais oportuno: estreia esta semana em Portugal e nos EUA, no momento em que o governo de Donald Trump tenta conter a crise provocada pela separação de mais de duas mil crianças dos seus pais sem documentos.
A segunda parte do filme destaca justamente a humilhação e os maus-tratos sofridos por várias pessoas que tentam atravessar a fronteira entre México e EUA, incluindo muitos menores de idade não acompanhados.
O seu protagonista Josh Brolin afirmou à agência AFP que foi uma "experiência visceral" observar a crise, na qual crianças terminaram em jaulas ou abrigos localizados a milhares de quilómetros de distância dos seus pais.
Brolin, 50 anos, afirma que não é contra a política de "tolerância zero" a respeito da imigração clandestina e até se arrisca a dizer que "neste momento parece como se Trump teria feito algo bom". Mas provocar o sofrimento de crianças supera qualquer limite.
"O que se vai fazer com as duas mil crianças que foram separadas? Toda esta situação parece muito insensível para mim", salienta.
O enredo de "Sicario: Guerra de Cartéis" começa com a suspeita do governo dos EUA de que cartéis de droga de México ajudam extremistas a cruzar a fronteira.
Brolin interpreta o agente da CIA Matt Graver, que recruta o misterioso Alejandro (Benicio Del Toro) para provocar uma guerra entre os grupos de criminosos com o sequestro da filha de um chefe do tráfico (Isabela Moner).
O filme dirigido por Stefano Sollima mostra muito do mundo na fronteira, o narcotráfico, o tratamento das pessoas e sobre a política externa americana.
Amor pelas crianças
O tema da separação das crianças também afeta Brolin porque a sua terceira esposa, a atriz Kathryn Boyd, está grávida de uma menina.
O ator não troca uma fralda há muitos anos: o filho e a filha do seu primeiro casamento, com Alice Adair, têm 30 e 25 anos, respectivamente. Mas ele garante que está preparado: "Amo crianças, amo estar perto de crianças. A ideia é maravilhosa".
Brolin é filho do ator James Brolin, casado há 20 anos com Barbra Streisand. Apesar de ter crescido num ambiente de rodagens, a interpretação não era a sua prioridade até conseguir um papel no filme "Os Goonies" (1985), que muitos consideram um clássico.
Até então, a sua adolescência era marcada por episódios de roubo de carros e uso de heroína.
O ator enfrentou problemas financeiros durante anos e só conseguia papéis pequenos. Mas entrou para a lista de grandes nomes de Hollywood com "Este País Não É Para Velhos" dos irmãos Coen e recebeu uma nomeação para o Óscar de Ator Secundário por "Milk" (2008).
Brolin revelou ser um ator versátil, trabalhando com realizadores como Guillermo del Toro, Ridley Scott e Oliver Stone.
"Verão de Brolin"
Alguns anos depois, ele já fazia sucesso suficiente para rejeitar um papel no filme "Birdman", do mexicano Alejandro González Iñárritu, que venceu quatro estatuetas dos Óscares, porque tinha uma viagem planeada para visitar o filho na Tailândia.
Mas ele admite que esta decisão provocou uma sensação de "e se...".
Nos últimos oito meses trabalhou no drama "Só Para Bravos" e em dois dos grandes sucessos de super-heróis do ano, "Vingadores: Guerra do Infinito" e "Deadpool 2".
Alguns jornalistas especializados afirmam que este é o "verão de Brolin".
"E o que acontece agora, o outono de Brolin?", pergunta, numa piada que funciona em inglês porque outono é "fall", que também significa queda.
"Há altos e baixos e isto é OK, isto é o esperado", acrescenta.
Na agenda estão as sequelas de "Deadpool" e "Vingadores", além de uma comédia para a plataforma de streaming Hulu baseada na sua vida e com o título provisório de "Untitled Josh Brolin Project" [Projeto sem título de Josh Brolin].
Sobre a possibilidade mais ou menos anunciada de um terceiro filme Sicario, ele diz que a ideia é atraente, mas não está 100% convencido.
"Parte de mim diz 'isto parece uma ótima ideia' e outra parte diz 'não sei'", conclui.
Trailer "Sicario: Guerra de Cartéis".
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