O realizador franco-tunisino Abdellatif Kechiche escandalizou os espectadores do festival de Cannes com "Mektoub My Love: Intermezzo".

De acordo com muitas críticas negativas, o filme de quase quatro horas que acompanha um grupo de jovens numa cidade no litoral do sul da França tinha imagens pornográficas "gratuitas".

Este sábado, a imprensa francesa acusou o realizador de ter usado meios nada ortodoxos para convencer os jovens atores a fazer aquela que se tornou uma das cenas mais criticadas.

Após cenas na praia, esta sequela de "Mektoub, Meu Amor: Canto Primeiro" (2017) concentra-se numa discoteca, com uma profusão de imagens lascivas, incluindo uma cena de 13 minutos de sexo oral.

O Midi Libre, citado pelo jornal Le Figaro, teve acesso a uma pessoa próxima da produção que garante que Kechiche queria que a cena não fosse simulada e perante a relutância dos jovens atores, conseguiu após muita persistência, tempo e ao consumo regular de álcool.

"O realizador repetiu as cenas na discoteca horas e horas, deixando todos os atores exaustos e prolongando a rodagem pela noite dentro. Sem dúvida que queria que a cena de sexo não fosse simulada, o que os atores não queriam. Mas ele insistiu ao longo de horas e com álcool a ser consumido regularmente no local, conseguiu o que queria", cita o jornal regional.

Abdellatif Kechiche

Na projeção de gala do filme na quinta-feira à noite, vários espectadores deixaram a sala, entre eles a atriz que protagoniza a cena, Ophélie Bau, que também não esteve presente no dia a seguir na sessão de fotografias e na conferência de imprensa que juntou a equipa.

Os atores Shain Boumedine, Ophelie Bau, Hafsia Herzi e Dany Martial

Não foi a primeira vez que Kechiche causa polémica em Cannes.

As atrizes principais de "A Vida de Adèle", Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos, denunciaram as duras condições de rodagem, principalmente das explícitas cenas de sexo, pouco depois de ganhar a Palma de Ouro em 2013.

Outro escândalo persegue o cineasta: uma mulher de 29 anos denunciou-o por agressão sexual no ano passado.

No início de maio, uma fonte ligada ao caso afirmou que a investigação segue o seu percurso. Questionado sobre o assunto na conferência de imprensa, Kechiche considerou a pergunta "perversa" e garantiu ter a "consciência tranquila no que diz respeito às leis".