Há muito que a Paramount Pictures pretendia fazer uma transposição para cinema da série
«Missão Impossível», cujas sete temporadas foram exibidas na CBS com imenso sucesso entre 1966 e 1973. O êxito em 1993 da versão cinematográfica de outra série televisiva da mesma época,
«O Fugitivo», deu o impulso final ao projeto, e os 270 milhões de dólares que
«A Firma» faturou em todo o mundo no mesmo ano valeu a
Tom Cruise o papel principal.
O ator e a produtora
Paula Wagner tinham estabelecido a sua empresa de produção na Paramount para desenvolver filmes para Cruise interpretar, e este era o veículo ideal para criar o franchise que faltava na carreira da estrela de
«Top Gun». Para controlar os custos do orçamento, Cruise trocou o seu alto salário de 20 milhões de dólares por uma percentagem superior das receitas de bilheteira, o que se viria a revelar extraordinariamente lucrativo para ele.
Brian De Palma foi convidado para realizar o filme, a partir de um argumento que sofreu vários avanços e recuos e que recebeu as mais severas críticas dos atores da série. Efetivamente,
«Missão Impossível», estreado em 1995, colocava Cruise como o agente acusado de assassinar toda a sua equipa da Impossible Mission Force e que tem encontrar o agente infiltrado no FBI responsável pelo sucedido. Ou seja, não só a aventura em equipa da série se transforma em missão de um homem só no filme, como a personagem de Jim Phelps, encarnada por
Peter Graves na televisão e aqui por
Jon Voight, tem um desfecho que trai os princípios do original.
Ainda assim, o filme foi um imenso sucesso, com sequências como a de Tom Cruise pendurado por um arnés e a luta no TGV a ficarem na memória de todos. O tema original de
Lalo Schifrin foi recriado por
Larry Mullen, Jr. e A
dam Clayton, dos U2, e voltou a ser também um enorme êxito.
No ano 2000, Ethan Hunt regressou ao grande ecrã em
«Missão Impossível 2», desta feita com um estilo completamente diferente do do primeiro filme, e com Tom Cruise a assegurar que pretendia que cada fita da série tivesse um estilo diferente, à imagem do respetivo realizador, tal como a tetralogia «Aliens».
Desta vez, o realizador escolhido foi o chinês
John Woo, que assinara o bem-sucedido
«Face Off - A Outra Face», e que aqui voltou a aplicar o estilo que o celebrizou, com muita sequências em «slow motion», cenas de ação desenfreadas e uma inevitável cena com uma pomba branca, que então se tornara a sua imagem de marca.
Aqui, Ethan Hunt tenta deter o esquema de um ex-agente para roubar e vender um vírus mortal.
Ving Rhames foi o único ator além de Cruise a sobreviver ao primeiro filme e «Missão Impossível 2» voltou a ser um enorme sucesso, sendo até à data a fita da série que mais faturou nas bilheteiras.
David Fincher e
Joe Carnahan foram, em alturas diferentes, dados como garantidos na cadeira do realizador de
«Missão Impossível 3», mas acabaram por sair do projeto, o primeiro por não querer «arruinar o terceiro filme de outro «franchise» e o segundo por diferenças criativas sobre o tom da película. O escolhido acabou por ser
J.J.Abrams, selecionado por Cruise após este ter visto de rajada duas temporadas da série «Alias - A Vingadora», que o primeiro criou.
Abrams estreou-se na realização de longas-metragens para cinema com este filme, que recuperou finalmente o espírito de missão de equipa da série original, injetando uma inesperada humanidade no herói, ao mostrá-lo retirado das lides e dedicado ao ensino de novos agentes e noivo de uma mulher que não sabe o que ele faz. Quem fica a saber é o negociante de armas homicida encarnado por
Philip Seymour Hoffman, que o herói terá de enfrentar se quiser salvar a sua cara metade.
«Missão Impossível 3» foi mais bem recebido pela crítica que os dois filmes anteriores mas os resultados de bilheteira, embora bem acima da média, foram abaixo das duas fitas precedentes, segundo alguns analistas devido à reação negativa de alguns espetadores à imagem de Tom Cruise, muito desgastada com episódios ligados à Cientologia e à sua relação muito mediatizada com
Katie Holmes.
Com os «flops» sucessivos de «Valquíria» e «Dia e Noite», Tom Cruise decidiu voltar a um porto seguro em termos de bilheteira com um quarto filme da série «Missão Impossível», desta vez com uma aposta invulgar a assegurar a realização:
Brad Bird, realizador de prestígio do cinema de animação, oscarizado por
«Ratatui» e
«The Incredibles - Os Super-Heróis», mas sem currículo em fitas de imagem real.
A equipa agora é composta por Cruise,
Simon Pegg (recuperado do terceiro filme),
Paula Patton e
Jeremy Renner, com o primeiro a ser culpabilizado pela explosão de uma bomba no Kremlin, o governo a negar conhecimento da existência da Força Missão Impossível, e o grupo a ter de impedir sozinho um terrorista de lançar uma bomba nuclear.
«Missão Impossível: Operação Fantasma», que integra uma cena em que Cruise escala sem duplos o edifício mais alto do mundo, o Burj Khalifa no Dubai, está agora a chegar às salas de cinema de todo e está a ter, até ver, a receção de critica mais esmagadoramente positiva de toda a série até à data.
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