O presidente da Netflix, Reed Hastings, admitiu esta quinta-feira (3) que a plataforma de "streaming" às vezes comete erros e que com o Festival de Cannes, onde nenhum dos seus filmes foi selecionado este ano por falta de acordo, se encontra numa "situação delicada".

Diferentemente da edição 2017, o Festival de Cannes deste ano (que se realiza de 8 a 19 de maio) decidiu que, para os filmes selecionados, fosse garantida a estreia comercial nas salas de cinema francesas e respeitado o prazo de três anos entre essa estreia e a distribuição nas plataformas online, de acordo com a legislação. A Netflix decidiu, então, boicotar o prestigiado evento do cinema.

A companhia, que contabiliza 125 milhões de assinantes a nível mundial, disse que estaria disposta a autorizar a estreia dos seus filmes nas salas francesas, mas não garantia o prazo de 36 meses.

"Veem-nos como agitadores e às vezes cometemos erros", reconheceu Reed Hastings, cofundador e presidente da Netflix, durante um debate no festival "Series Mania" em Lille, no norte da França. "Acho que com o Festival de Cannes chegámos a uma situação mais delicada do que queríamos".

"Adoramos o Festival de Cannes, vamos há muitos anos, este ano temos ainda alguns compradores. O festival quer encontrar realmente um modelo que funcione para eles e para nós, e isso acabará por acontecer", acrescentou.

Hastings assegurou que a Netflix não tenta "sacudir o sistema do cinema". Mas "como os nossos assinantes financiam os nossos filmes, queremos que tenham acesso rapidamente a eles e não três anos depois".

"Tratamos os nossos filmes como as nossas séries, produzimo-as diretamente para nossos assinantes e eles não estreiam nos cinemas", acrescentou.

Para o CEO da Netflix, as plataformas não competem com as salas de cinema: "É como cozinhar em casa, o que não impede de ir às vezes ao restaurante".

No entanto, ele admite que "a regulação é crucial".

"Temos que encontrar como trabalhar nas regras do sistema. É nossa responsabilidade", concluiu.