Disponível em Portugal desde 2016, a Filmin é uma plataforma de cinema que se distingue pelo cuidado e toque pessoal na apresentação em canais e coleções temáticas dos seus filmes, seja dos grandes estúdios de Hollywood ou do circuito independente e de autor, europeu, americano ou asiático.

No mês tradicional de férias, recordamos filmes "coming of age" sobre adolescentes à procura do seu lugar no mundo na fase em que se aproxima cada vez mais depressa a idade adulta.

A viagem cinéfila começa na Bélgica de "Close", segue para a Inglaterra rural dos anos 1980 e ao encontro dos sonhos de "Billy Elliot", dá um salto aos conservadores EUA para descobrir o inconformismo de Benjamin Braddock em "A Primeira Noite" e conhecer as irmãs Lisbon em "As Virgens Suicidas", antes de chegar à Turquia para acompanhar as férias e a enternecedora, delicada e complexa relação de Sophie com o seu jovem pai em "Aftersun".

Mas este pode ser apenas o início de um verão de descoberta graças a uma promoção especial que dá acesso à Filmin durante três meses pelo preço de um: por 6,95€ abre-se um novo mundo com mais de dois mil filmes e séries, incluindo as recentes entradas de obras de cineastas incontornáveis como Francis Ford Coppola, David Lynch, John Carpenter, Jean-Pierre Melville, Paul Verhoeven, Luis Buñuel e muitos outros.

A oferta é válida até 4 de setembro e pode ser ativada em ola.filmin.pt/verao.

Close (2022)

As atenções mediáticas centradas no fenómeno de "A Oeste Nada de Novo" nos Óscares deixaram para um segundo plano os méritos dos outros nomeados na categoria de Melhor Filme Internacional, como foi o caso de "Close", um dos grandes acontecimentos do cinema do ano passado.

Após a estreia com o aclamado "Girl - O Sonho de Lara" em 2018 (disponível na Filmin), o prodígio do cinema belga que é Lukas Dhont (32 anos) chegou ao Grande Prémio do Júri, um "segundo lugar" no palmarés do Festival de Cannes e emocionou os espectadores com a comovente história da amizade de verão intensa entre dois adolescentes, Rémi e Léo, que termina de forma abrupta e traumática quando regressam à escola.

Assente nas interpretações fortes dos estreantes Gustav De Waele e Eden Dambrine (impressionantes, mesmo pela padrões de atores adultos) e com uma estética muito ligada à natureza, Lukas Dhont aborda de forma sensível a história de uma homossexualidade emergente, a perda da inocência e a culpa num filme de grande beleza sobre amizades e afetos.

"Close" levanta questões perturbadoras e deixa críticas contundentes sobre os padrões de masculinidade e o que é considerado "normal" e "anormal" na amizade e ternura física e emocional das relações entre adolescentes, condenados a descobrirem cada vez mais cedo os condicionalismos sociais que os cercam.

Billy Elliot (2000)

Ambientado nos anos 1980 da Inglaterra de Margaret Thatcher, "Billy Elliot" conta a história de um filho e irmão de mineiros, órfão de mãe (revelação de Jamie Bell, que se tornou um dos atores britânicos mais promissores da altura), que descobre que a sua verdadeira vocação passa pelo ballet e não pelo boxe, perante a consternação e cada vez mais forte oposição da família, que vê essa como uma "atividade para raparigas".

Protegido e incentivado pela sua professora (Julie Walters), o improvável talento natural de Billy evolui no meio proletário e conservador ao mesmo tempo que se degradam as relações com os seus familiares, condicionados pelos fortes preconceitos e estereótipos de masculinidade, mas também vergados pela crise e falta de futuro da cidade mineira onde vivem.

Conjugando drama, comédia e um grande coração, "Billy Elliot" foi a estreia no cinema de Stephen Daldry (antes de "As Horas" e "O Leitor") e tornou-se um dos títulos mais populares de 2000, permanecendo uma das joias do cinema britânico. Inspirou mais tarde o famoso musical com música de Elton John e chegou a ser nomeado para três Óscares - Argumento, Atriz Secundária e Realização. Faltou Melhor Filme: esta era uma época onde, ao contrário dos dez títulos de agora, apenas cinco podiam concorrer à principal estatueta dourada.

A Primeira Noite (1967)

Dustin Hoffman lançou a carreira no grande ecrã e tornou-se uma estrela da noite para o dia com o papel de Ben Braddock, o jovem inexperiente sobre o mundo real que, após acabar a universidade, desafiava os ideais e a moral da geração dos seus pais, e queria acabar com a hipocrisia e a corrupção da sociedade em que vivia. Numa reviravolta irónica, acabava seduzido e amante de uma amiga da família, a Sra. Robinson (de respeitável mãe de família a predadora, uma magnífica Anne Bancroft), mas a ligação eletrizante complicava-se de forma inesperada quando se apaixonava pela sua filha Elaine.

Com a banda sonora inesquecível de Simon & Garfunkel, "A Primeira Noite" continua a ser um dos hinos do movimento de contracultura que existia na América da década de 1960 e do confronto entre a geração que enfrentou a Segunda Guerra Mundial e os seus rebeldes filhos, mesmo se os 50 anos passados da estreia no grande ecrã tenham confirmado a "previsão" do realizador Mike Nichols: Ben e Elaine acabariam por se tornar iguais aos pais de que tanto queriam fugir.

As Virgens Suicidas (1998)

A história da aparente beleza e harmonia das cinco irmãs Lisbon num subúrbio americano, em meados dos anos 1970, vistas pelas perspetivas dos rapazes do bairro que se apaixonaram por elas e que, passados 20 anos, na idade adulta, não conseguem esquecer ou resolver o mistério que rodeia a sua macabra existência.

Filme de culto onde se destacavam Kirsten Dunst, James Woods, Kathleen Turner e Josh Hartnett, "As Virgens Suicidas" foi a estreia assombrosa com a qual Sofia Coppola se anunciou como cineasta e derrubou muitas desconfianças, mostrando que havia outra pessoa na família com grande talento, apenas oito anos depois de o pai Francis Ford Coppola não lhe ter feito nenhum favor ao revelar a falta de talento como atriz na terceira parte de "O Padrinho". E cinco anos depois, chegaria o segundo filme, "Lost in Translation", que lhe valeria o Óscar de Melhor Argumento Original e a nomeação ao de Melhor Realização...

Aftersun (2022)

A estonteante longa-metragem de estreia da escocesa Charlotte Wells após dirigir três curtas, produzida por Barry Jenkins (do vencedor dos Óscares "Moonlight"), é uma evocação melancólica que mergulha na enternecedora, delicada e complexa relação entre um pai de 30 anos e a filha de onze durante umas férias de verão numa estância na Turquia em meados da década de 1990.

Paul Mescal, revelação da minissérie "Normal People" e a futura estrela da sequela de "Gladiador", e a jovem revelação Frankie Corio, são atores em estado de graça nesta história cheia de subtilezas que precisa ser vista mais do que uma vez sobre amor, perda e arrependimento inspirada pelas recordações da própria realizadora.

Belíssimamente filmado e com uma excelente banda sonora, "Aftersun" é um filme de tirar o fôlego sobre o impacto da nostalgia numa filha que tenta conciliar a memória de um homem que brilhou no papel de pai e, ao mesmo tempo, era um adulto com a vida a desmoronar que nunca chegou verdadeiramente a conhecer.