Seis anos depois de "Força Ralph", encontramos Ralph (John C.Rilley) e Vanellope (Sarah Silverman) numa vida pacata, sem imprevistos, onde passam o dia na Arcade Litwak a jogar nos seus empregos...e a noite a explorar outros jogos. Mas se para o grandalhão isso é a descrição do paraíso, a pequena condutora do mundo açucarado já está saturada e quer algo mais.

Quando Ralph procura aceder aos desejos de Vanellope, construindo uma nova pista de corridas, acaba por implicar algum caos no mundo real, levando à destruição do volante da máquina arcade de Sugar Rush.

Com o jogo obsoleto, sem peças novas no mercado, cabe a Ralph e a Vanellope a quest de viajar aos confins da internet, mais propriamente do ebay, e licitar o último volante disponível online.

A internet é explorada como um parque temático/fábrica de distribuição, à imagem das cidades cyberpunk de "5º Elemento" ou "Ghost in the Shell", onde todos os users têm o seu pequeno avatar. Estes são disparados por cápsulas de pesquisa em pesquisa, de prédio em prédio, saltando de marca em marca, visitando o Google, Snapchat, Instagram, entre outros.

Um mundo de oportunidades, onde há espaço para todos. Enquanto Vanellope encontra em Slaughter Race, um open world à imagem de GTA cheio de mods inesperados, um cantinho de adrenalina e desafio... Ralph acaba por se fixar no Buzzztube, uma plataforma de partilha de vídeos liderada por Yessss (Taraji P.Henson cheia de atitude e coração) onde o “gosto” dá dinheiro. O ar desengonçado do nosso herói vai torná-lo uma sensação da internet.

Mas neste universo de cameos, piscadelas de olhos aos adultos e muita consciencialização dos momentos onde a net nos tira o tapete e nos deixa em perigo, rapidamente o nosso par descobre a crueldade, o vício e a manipulação viral das inseguranças que os arrastam. Aqui, a sua amizade vai ser posta à prova.

Filme de família com excelentes oportunidades educativas, "Ralph Vs Internet" perde alguma capacidade de empatia com o chorrilho de referências, mas arrisca e inclusivé vale o teu bilhete numa cena que vai perdurar pela net fora, depois de saíres do cinema.

Com uma narrativa meta que te vai arrebatar em segundos, o momento mais hilariante acontece quando Vanellope se encontra em fuga de uns stormtroopers, e num ápice se refugia num quarto de princesas...todas as princesas da Disney.

Aí, numa festa de pijama descontraída, os clichés e o espírito datado das personagens como Bela Adormecida, Branca de Neve ou Pequena-Sereia é completamente trucidado e gozado por estas mesmas, num diálogo de auto-depreciação gozão e bem disposto.

"Ralph vs Internet" é doce, divertido, uma aventura sobre amizade e encorajamento. Dá crédito e valor ao que as crianças pretendem ser e fazer de diferente dos demais, sem serem rejeitadas pelos seus pares. Principalmente quando a internet tende a amplificar o que de bom e mau fazemos.

Complementado ainda com um alerta sobre o "bullying online" do "spam" e "dark web", é uma fantástica sequela à história do vilão que queria ser bom...e agora aprende que há várias formas para o ser.

"Ralph vs Internet": nos cinemas a 29 de novembro.

Crítica: Daniel Antero

Saiba mais no site Cinemic.

Trailer:

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