A HISTÓRIA: Pela primeira vez na história cinematográfica do Homem-Aranha, a identidade do nosso herói amigo da vizinhança é revelada, colocando as suas responsabilidades de super-herói em conflito com a sua vida pessoal/normal e colocando em risco aqueles com quem se preocupa. Quando Peter pede ajuda ao Doutor Estranho para restaurar o seu segredo, o feitiço abre um buraco no seu mundo, libertando os vilões mais poderosos que já lutaram contra o Homem-Aranha em qualquer universo. Agora, Peter terá que superar o seu maior desafio até hoje, que não alterará apenas o seu próprio futuro para sempre, mas também o futuro do Multiverso.

"Homem-Aranha: Sem Volta a Casa": nos cinemas a partir de 16 de dezembro.


Crítica: Daniel Antero

Viu todos os filmes do Homem-Aranha? Ótimo. Então está pronto para entrar neste Multiverso desgarrado repleto de heróis, vilões, ação caótica, humor tanto seco como malicioso, apostas narrativas arrojadas e... abanões emocionais inesperados.

Não viu? Não faz mal. Poderá não conseguir apreciar a dimensão total desta espécie de versão 'live-action' do "Homem-Aranha: No Universo-Aranha", mas será emaranhado sem problemas nesta teia que celebra o nosso jovem aracnídeo.

Este novo filme da trilogia realizada por Jon Watts e encabeçada por Tom Holland, é uma aventura nostálgica que lança todos os seus trunfos e se aproxima mais das suas raízes de banda desenhada do que “Regresso a Casa” (2017) ou “Longe de Casa” (2019), enquanto evoca também os filmes de Sam Raimi (2001, 2004 e 2007) e de Marc Webb (2012 e 2014), protagonizados respetivamente por Tobey Maguire e Andrew Garfield.

Personagens como Green Goblin (Willem Dafoe), Doctor Octopus (Alfred Molina), Electro (Jamie Foxx), Sandman (Thomas Hayden) e The Lizzard (Rhys Ifans), surgem aqui como figuras de coração ainda por quebrar, seres que, num desvio espaciotemporal provocado pelo excêntrico Dr. Estranho, ainda terão de se encontrar com o seu Destino. Como? Com a magia caótica do Multiverso. E quando isso acontece, a premissa de “Sem Volta a Casa” não deixa espaço para os espectadores especularem sobre quem mais se poderá juntar a eles...

O passado entrelaça-se com o presente e as memórias negras chegam para assombrar Peter Parker, que nesta versão se vê obrigado a decisões morais e a exercer poder sobre o ato de dar segundas oportunidades. É uma via adequada para o ingénuo e amável Peter, que sempre foi teimoso e crente em fazer o bem, mas que, como sabemos, acaba por piorar as coisas.

E aqui, esse agravamento do estrago é sinónimo de espetacularidade visual e emoção cinética. Com impacto, Jon Watts e a sua equipa criativa imergem-nos num prisma caleidoscópico com o Homem-Aranha e Dr. Estranho; colocam-nos em combates corpo a corpo mais suados e viscerais; e mesmo Tom Holland, em termos de representação, avança mais fundo na psique da personagem, retornando com a sua interpretação mais forte até agora.

Com isto tudo, este novo filme do Homem-Aranha é, na verdade, um retorno a casa. À sua casa de sempre, a das 'ideias', nome pelo qual a Marvel é conhecida, seja por evocar o seu passado na Nona Arte, como nos últimos 20 anos na Sétima.

Cheio de humor e coração, "Homem-Aranha: Sem Volta a Casa" é um grande abraço ternurento, daqueles que se adora receber nesta época natalícia.