A HISTÓRIA: O lutador de MMA Cole Young, habituado a lutar por dinheiro, não tem ideia da sua herança - ou porque é que o Emperador Shang Tsung enviou o seu melhor lutador, Sub-Zero, para o apanhar. Ao temer pela segurança da sua família, Cole vai à procura de Sonya Blade com as direções de Jax, um Major das Forças Especiais que tem a mesma estranha marca de dragão com que Cole nasceu. Rapidamente chega ao templo do Lord Raiden, um Deus de Elder e o protetor do Plano Terreno (Earthrealm), um santuário que acolhe todos aqueles que ostentam essa marca.

Aqui, Cole treina com os guerreiros experientes Liu Kang, Kung Lao e o mercenário Kano, enquanto se prepara para enfrentar, juntamente com os maiores lutadores da Terra, os inimigos da Exoterra (Outworld) numa batalha de alto risco para o Universo.

"Mortal Kombat": nos cinemas desde 19 de abril.


Crítica: Hugo Gomes

Lançado em 1992, pela Midway Games, “Mortal Kombat” viria diferenciar-se de outros contemporâneos videojogos do estilo “beat’em up” graças ao seu realismo, fluidez e violência, com principalmente este último elemento a tornar-se uma imagem de marca transportada para outros lançamentos até a saga ceder, por fim, ao cansaço e consequentemente à falência da editora.

Claro que a história não ficaria por aqui: os direitos rapidamente foram adquiridos pela Warner Bros, que fundou a NetherRealm Studios e lançou um "reboot" do videojogo muito bem-sucedido em 2011, que foi agora adaptado para o cinema.

Entretanto, "Mortal Kombat" já dera um filme em 1995, sob a batuta de Paul W.S. Anderson (o futuro realizador de “Resident Evil”), que viria a ser um pequeno êxito nos cinemas e um ainda maior nos videoclubes dos tempos da cassete VHS. Mesmo que, restringido ao seu lado "camp" e com concessões para ser visto pelos mais jovens, o por cá chamado “Combate Mortal” não tivesse sido um triunfo na transposição da famosa violência, um erro que não se repetiu na sequela dois anos mais tarde (ainda que, infelizmente, “Combate Mortal: Aniquilação”, fosse um desastre que se fez passar por filme), nem na série televisiva transmitida algures entre 1998 e 1999.

Posteriormente, uma nova adaptação ao cinema nunca deixou a lista de desejos do estúdio, tanto mais que faltava aproveitar a “mitologia” aprimorada pelos vários videojogos, nomeadamente a trágica rivalidade entre Scorpion e Sub-Zero, as duas personagens-chaves deste universo. E enquanto isso não acontecia, apareceu uma "webserie" do YouTube e uma animação diretamente para os videoclubes intitulada “Mortal Kombat Legends: Scorpion's Revenge”.

Tendo em conta esta saturação, não vem trazer nada de novo este “Mortal Kombat” de 2021 produzido por James Wan ("The Conjuring", "Aquaman"). O que o distancia da versão de 1995 é a sua seriedade e violência gráfica, que nos pisca o olho com "easters eggs".

Existe outro dado que tem de ser abordado: ao longo dos anos, a produção dos próprios videojogos foi-se tornando mais cinematográfica, incluindo na aposta em histórias cada vez mais sofisticadas. É indiscutível que encontramos atualmente narrativas mais elaboradas, astutas e precisas nos videojogos do que nas respetivas adaptações ao cinema. E infelizmente, este “Mortal Kombat” é um joguete visual que opera como um acessório do seu videojogo. Por outras palavras, é o cinema a ser refém (mais um) da sua plataforma de origem.

Após uma abertura com garra, descobrem-se a escrita preguiçosa, "bonecos" unidimensionais a passar por personagens e uma descrença absoluta no potencial dramático do enredo. O que sobra é a ação, dividida entre a dependência do CGI e a montagem rápida e calculada para não se ter tempo para pensar no que se está a ver e no que falta. Não há muito para dizer disto que chegou aos cinemas, nem sequer para sentir. Porque realmente isto não é um filme, é uma fatalidade.