O Guarda-Costas e a Mulher do Assassino
A HISTÓRIA: O par mais estranho e letal do mundo - o guarda-costas Michael Bryce e o assassino profissional Darius Kincaid - estão de volta noutra missão em que correm perigo de vida. Ainda sem licença profissional e sob escrutínio, Bryce é obrigado a voltar à ação pela infame vigarista internacional Sonia Kincaid, mulher de Darius, e ainda mais volátil do que o marido. Enquanto Bryce é levado à beira do abismo pelos seus clientes mais perigosos, o trio envolve-se numa trama global e percebe rapidamente que é a única barreira que pode salvar a Europa do caos total.
Nos cinemas a partir de 17 de junho.
Crítica: Hugo Gomes
Como se 2021 já não estivesse a ser um ano complicado, eis que chega a sequela de "O Guarda-Costas e o Assassino". Era inevitável por causa do êxito improvável (177 milhões de dólares) que chegou aos cinemas no verão de 2017, mas este novo "prazer" chega numa altura muito diferente, em que os cinemas tentam resistir às consequências da pandemia e das drásticas mudanças de hábitos dos espectadores.
O que dizer de uma comédia de ação do calibre de "O Guarda-Costas e a Mulher do Assassino" a ostentar o seu orçamento de milhões de dólares? Que é uma suposta ode da rebeldia cómica não tão politicamente incorreta como se quer vender? Que é fácil, preguiçoso e surpreendentemente ofensivo na forma como rumina estereótipos, referências e o alegado humor?
Porquê esta minha indignação? Tudo isto poderia ser aceitável, mas não em 2021, quando se generaliza entretenimento caseiro cada vez sofisticado e vemos estrear um filme que encara como "parvos" os espectadores de que os cinemas tanto precisam para sobreviver. Um equívoco que arrasta Ryan Reynolds, Samuel L. Jackson, Salma Hayek, Frank Grillo, Richard E. Grant, Antonio Banderas e até Morgan Freeman.
O estúdio responsável por este este filme (Lionsgate) e toda a equipa criativa parecem julgar estar ainda nos anos 90, em que tudo o que é preciso é combinar muita ação global, enredos derivativos ao jeito de James Bond (nem que seja pela megalomania do seu vilão... ah, António Banderas a fazer-se passar por grego só nos pode fazer perguntar por onde andam as vozes ativistas da representatividade) e uma panóplia de gags misóginos e discriminatórios, que parecem elaborados e manejados por crianças de 5 anos para crianças de 5 anos.
Como se fosse um filme importante para ajudar a relançar os cinemas, a estreia de "O Guarda-Costas e a Mulher do Assassino" foi antecipada de agosto para junho. O que é outro equívoco: só contribui para que se fique em casa a dar uso às plataformas de streaming.
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