O realizador Tom Hopper, o director de fotografia George Steel e o argumentista Jack Thorne compõem o trio que cria uma aventura de espanto, com imagens majestosas do céu e uma energia fervilhante que transpira de dois excelentes actores, Eddie Redmayne e Felicity Jones.

O argumento entrelaça histórias do livro ‘Falling Upwards’ de Richard Holmes, que romanceia a saga dos pioneiros do balonismo de ar quente, com o evento real dos meteorologistas James Glaisher (Redmayne) e Henry Coxwell, que subiram em 1862 até à altitude recorde de 37 mil pés sem oxigénio auxiliar.

Coxwell é integralmente omitido, sendo substituído pela personagem fictícia de Amelia Wren (Felicity Jones), que concentra em si a inspiração e vivências de várias outras figuras do balonismo, como a primeira aeronauta profissional Sophie Blanchard ou Nicholas Camille Flammarion, que descreveu um momento sublime de um dos seus voos: foi rodeado por um belo bando de borboletas.

A acompanhar a subida para lá das nuvens, assistimos também a "flashbacks" passados em terra, onde as frustrações e as convicções de Glaisher e Wren deveriam ganhar dimensão e profundidade, quando colocados frente a frente com os seus detratores: o primeiro enfrenta a sociedade científica e a segunda o seu próprio passado. Porém, estas sequências falham o objectivo pois procuram criar tensão e dúvida... quando já temos as certezas mais do que evidentes. Isto quebra o ritmo do filme e a essência magnética da dupla, tirando-lhes credibilidade nas obsessões e profundidade nos desafios emocionais.

Como no filme “A Teoria de Tudo”, Eddie Redmayne e Felicity Jones repetem a química intensa que os celebrou. Mas se ele teve em si os holofotes como Stephen Hawking no filme de James Marsh (até ganhou o Óscar), agora é a colega que, desde a entrada em cena, qual mulher do "showbizz" pronta a entreter o seu público, energiza este argumento.

A força e determinação, a paixão pelo desafio e o entusiasmo estão nos seus olhos, revelando alegria e libertação. E a sua disponibilidade física também surpreende, pois a par da sua dupla Helen Bailey, sobe as amarras do balão a dois mil pés de altitude, marcando a sequência mais arrojada de "Os Aeronautas".

Tom Hopper não quis fazer um drama romântico, onde duas almas se encontram no amor. Quis, sim, um filme sobre intempéries e aventura sobre o limite do céu e da obsessão, do ar rarefeito que tolda a decisão das personagens, que irão ficar às portas da morte.

Portento visual, com recurso a uma réplica do balão que efectivamente voa, imagens épicas capturadas no céu e CGI quase incólume, "Os Aeronautas" é uma produção da Amazon feita para se ver no cinema e entusiasmar-nos com a dimensão da tela e os gritos de Redmayne e Jones a ecoarem acima das nuvens.

"Os Aeronautas": nos cinemas a 5 de dezembro.

Crítica: Daniel Antero

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