Disco da Semana: Foo Fighters - do mundo para a garagem

Depois de tocarem para milhões em todo o Mundo, 16 anos de carreira na bagagem, os Foo Fighters decidiram voltar para a garagem.  “Wasting Light”: um álbum gravado entre bicicletas, malas velhas e carrinhos de bebé. São uma das maiores bandas de rock dos últimos anos, senão a maior. Correram o mundo nos últimos 16 anos de carreira, tocaram para milhões de pessoas, encheram estádios atrás de estádios, e o que é que os Foo Fighters decidem fazer? Gravar um álbum na garagem da casa de Dave Grohl. Uma garagem como tantas outras, onde há um frigorífico velho, bicicletas dos miúdos encostadas a um canto, malas de viagens velhas e até um carrinho de bebé.<

Porquê? Num vídeo publicado pela NME (New Musical Express), Dave Grohl explica que queria o som cru e vivido de uma garagem. Não utilizaram qualquer tipo de gravadores digitais, todo o material usado na gravação e mistura foi analógico. Queriam um disco com carácter, com uma sonoridade única, diferenciadora.

Na verdade, os Foo Fighters, neste “Wasting Light” continuam a soar a eles mesmos, talvez com a crueza que procuravam mais apurada.
‘Rope’ é o single de avanço do álbum, mas já antes tinham libertado “White Limo”, um tema explosivo divulgada em formato videoclipe que conta com a participação do amigo Lemmy, dos Motörhead. Um detonador de som que é um dos pontos altos do disco.

É o primeiro disco de originais dos Foo Fighters desde “Echoes, Silence, Patience And Grace”, de 2007. Em 2009 lançaram um álbum de ‘best of’, e entretanto têm andado ocupados: o baterista Taylor Hawkins andou em digressão com os seus “Cocktail Riders”; já Dave Grohl andou com John Paul Jones (Led Zeppelin) e Josh Homme (Queens of the Stone Age)a impressionar com a super-banda “Them Crooked Vultures”.

Para este regresso com “Wasting Light”os Foo Fighters chamaram Butch Vig, produtor do álbum-lenda “Nevermind” dos Nirvana. De volta está também o baixista Krist Novoselic, outro ex-Nirvana que parece ter vindo para ficar.

O tema de abertura do disco – “Bridge Burning”- abre logo o jogo ao início: este é um álbum que celebra o rock das baterias aguerridas e guitarras destemidas. “Wasting Light” é, apesar de tudo, um disco que não surpreende. Mas isso não é necessariamente mau. Quem gostou dos outros álbuns, vai gostar deste. O ADN dos Foo Fighters está lá, o rock musculado corre-lhes nas veias, mas não há nada de verdadeiramente novo.

A não ser, o documentário. Dezasseis anos de carreira já dão direito a filme e por isso, a par do disco, os Foo Fighters lançam “Foo Fighters: Back and Forth”, um documentário que estreou nos EUA a semana passada. Um filme do oscarizado James Moll (“The Last Days”) e em que Dave Grohl diz que não queria ser conhecido apenas como “o gajo que tocou bateria nos Nirvana”. Missão cumprida.

Os Foo Fighters actuam em Portugal a 7 de Julho no Festival Optimus Alive.

Videoclip de «Rope»

@Vera Moutinho