"O Jazz em Agosto faz uma história, tem um lado historiador do jazz contemporâneo, pelos aspectos inovadores que revela, no aspecto de provocação até", disse hoje à agência Lusa o programador do festival, Rui Neves, no final da apresentação do cartaz.

A 28ª edição decorrerá de 5 a 14 de Agosto no auditório ao ar livre da Gulbenkian e, este ano, na zona histórica da cidade, no Teatro do Bairro (Bairro Alto), com concertos em ambiente de clube de jazz.

Da programação destaca-se o regresso a Portugal do pianista norte-americano Cecil Taylor, de 82 anos, um "histórico" do free jazz que está "no zénite da carreira" e que dará um concerto raro a solo no dia 5 de Agosto, sublinhou Rui Neves.

A cumprir 70 anos, o saxofonista alemão Peter Brotzman, "farol da improvisação europeia", atuará no dia 12 de Agosto em formato quarteto num eixo geográfico com Toshinoro Kondo (Japão), Maximo Puppilo (Itália) e Paal Nilssen-Love (Noruega).

Portugal registará ainda a estreia europeia da nova orquestra do baterista norte-americano John Hollenbeck - a Large Ensemble - uma "big band" com quase vinte músicos que encerrará o Jazz em Agosto no dia 14.

Repartido por dois fins-de-semana, o festival terá ainda a presença do trompetista Wadada Leo Smith, a 7 de Agosto, com o noneto Organic e uma componente visual com o VJ Jesse Gilbert, e promoverá a junção de dois duos, no dia 13, dos guitarristas Terrie Ex e Andy Moor com a dupla de Ken Vandermark (saxofone tenor) e Paal Nilssen-Love (bateria).

O festival repartirá alguma programação com o Teatro do Bairro para "reviver a ideia do clube de jazz que foi sempre tão importante para a prática do jazz", disse Rui Neves.

Com um lado mais informal, o programa de concertos nesse espaço - que acontecerá durante a semana entre os dois fins-de-semana da Gulbenkian - terá, por exemplo, o quarteto do guitarrista Luís Lopes, do qual fazem parte ainda Rodrigo Amado (saxofone), Aaron Gonzáles (contrabaixo) e Stefan Gonzáles (bateria).

Para os que gostam da junção entre free jazz, eletrónica e heavy metal haverá Fire!, o novo projeto de Mars Gustafsson.

Em complemento, na Fundação Calouste Gulbenkian serão exibidos documentários em torno do jazz contemporâneo e de algumas das suas figuras.

À 28ª edição, o Jazz em Agosto mantém clara a linha de orientação: "O jazz também é comercial, mas no Jazz em Agosto e na perspectiva da Fundação Calouste Gulbenkian não é isso que é importante. Prezamos muito mais o lado artístico e inovador dos músicos, porque o lado comercial não é vital para nós", disse Rui Neves.

@Lusa