Classificada logo na década de 1970 como a “grande sacerdotisa da canção francesa”, tida por herdeira de Léo Ferré, o Le Monde define-a “mais como ‘pasionaria’ tumultuosa do que efémera superestrela”.
“As palavras não são mais do que um acessório, preferiria que se chegasse às onomatopeias para substituir as palavras. É preciso que a voz sirva de instrumento. O que procuro fazer é destruir completamente a canção clássica”, afirmou, numa entrevista de 1970 citada pelo Le Monde, embora tenha, mais tarde, gravado um disco de homenagem a Edith Piaf, que foi premiado.
Filha de emigrantes portugueses, de pai próximo dos comunistas e de mãe analfabeta e dura, mas que lhe passa a influência do fado, segundo a biografia publicada pelo Le Monde, Catherine Ribeiro nasceu em 1941 em Lyon, tendo dado início à carreira nos anos 1960, a solo e depois com a banda Alpes, merecendo comparações a nomes contemporâneos de língua inglesa desde Bob Dylan a Nico, mas também às principais vozes francófonas.
Ribeiro também chegou ao cinema, com destaque para “Os Carabineiros”, de Jean-Luc Godard, em 1963, onde conheceu o guitarrista Patrice Moullet, fundador do grupo Alpes, com quem passa a trabalhar e viver, realçando o Le Monde que se juntam a uma das primeiras comunidades ‘hippies’ de França na sequência do maio de 1968.
“Livre e libertária sem nunca aceitar um clã mais do que o outro”, afirmou, em 2018, à Les Inrocks, a cantora que chegou a cantar José Afonso, salientando a AFP que as suas canções mostravam as suas múltiplas causas: pela Palestina, pelos refugiados chilenos, contra a guerra do Vietname, pela ecologia ou contra o Presidente da República Giscard d’Estaing.
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