Seria um concerto de apresentação do álbum a solo de Slash mas o guitarrista dos Velvet Revolver não esteve sozinho. Myles Kennedy, vocalista dos Alter Bridge e uma das participações do álbum homónimo, conduziu na voz um concerto memorável.

A casa, que é como quem diz, o Coliseu do Porto quase lotou. Famílias, crianças, "emos", adolescentes, metaleiros e betos. Havia de tudo e tudo esteve de mãos no ar, quando soaram os acordes de "Ghost" na sala. Saul Hudson ou Slash dispensa apresentações. A sua cartola, cabeleira, os seus óculos escuros tornam-no inconfundível. Ontem só não fumou.

Slash já não faz parte dos Guns N' Roses mas a verdade é que se ouviram muitas músicas da mítica banda de hard-rock. "NightTrain" foi apenas o primeiro de muitos dos sucessos interpretados ontem à noite.

"I'm on the night train", cantava o público em uníssono, com uma mão no ar e telemóvel na outra para registar o momento em que o guitarrista faz um solo que hipnotiza por momentos a plateia.

Aos restantes membros da banda não falta energia. Provocam o público, riem, pedem aplausos, saltam, atiram palhetas. O baixista, Todd Kerns, veste uma camisola dos Ramonnes, banda de punk-rock norte-americana.

Depois de "Back from Cali", mais um tema do álbum a solo interpretado pelo próprio Myles Kennedy, os ânimos estão mais calmos, mas não por muito tempo. Os elogios que o vocalista faz à Invicta provocam alguma histeria. "A cidade é maravilhosa, são as pessoas mais sortudas do planeta", afirma.

"Beggars and Hangers On", tema da banda Slash's Snakepit, começa com riffs de blues, uma das influências mais remotas nos acordes de Saul Hudson. Durante quase todo o concerto, Slash não largou a sua Gibson Les Pauls, a preferida das mais de cem guitarras do músico.

Quando soa a primeira nota de solo já há centenas de telemóveis, câmaras fotográficas e de vídeo que querem registar o momento. O guitarrista não precisa de provar nada. Coloca a guitarra em cima da coxa e mostra como se faz um harmónico. Em "Civil War", também o faz parecer muito fácil e o público fica extasiado.

Em "Nothing to Say", outro solo hipnotizante. "Starlight" arranca mais suspiros dos espectadores que ficaram mesmo sem palavras quando Slash mostra uma camisola do FC Porto com o seu nome marcado. Apesar de falar pouco, o guitarrista já havia caído nas graças do público desde que pisou o palco.

Eis que os primeiros acordes de "Sweet Child of Mine" soam e a banda protagoniza mais um dos momentos altos do concerto. "O hino do rock" imortalizado pelos Guns causa explosão na sala e Myles Kennedy está à altura do momento, já que tem muitas semelhanças vocais com Axl Rose da banda norte-americana.

Este seria o fim do concerto se o público estivesse satisfeito. Slash e companhia abandonam o palco e o público não pára de gritar. Eis que Myles Kennedy surge novamente com uma bandeira de Portugal “hasteada” no tripé do microfone. Se ainda houvesse alguém na sala por conquistar aquele gesto seria suficiente. Myles promete: "Voltamos quando vocês voltarem".

E voltam mesmo pela segunda vez ao palco para fechar a noite com "Paradise City", um dos primeiros grandes sucessos dos Guns N' Roses. O “Guitar Hero” tira a camisola, torna a brilhar e agradece ao público a empatia.

Apesar do protagonismo que lhe é reconhecido, Saul Hudson não seria o mesmo sem a companhia de Myles Kennedy (voz), Todd Kerns (baixo), Brent Fitz (bateria), e Bobby Schneck (guitarra base). Hoje, quem sabe, Lisboa poderá ser também a cidade paraíso de Slash que actua às 21h45 no Coliseu dos Recreios.

@Alice Barcellos e Catarina Osório