As mais recentes tecnologias de gravação digital áudio ajudaram uma banda londrina independente, a colaborar com um dos mais famosos produtores do mundo, residente na Califórnia – apesar de estarem a mais de 8000 Km de distância.

Este novo paradigma está a ajudar artistas e músicos de todo o mundo a colaborarem remotamente, poupando-lhes tempo e dinheiro.

Os Electric Litany não estavam à espera de qualquer resposta quando enviaram o seu álbum de estreia a um dos seus heróis musicais, Alan Parsons, o engenheiro por trás de alguns dos mais célebres álbuns do século XX, incluindo Abbey Road dos Beatles e Dark Side of the Moon dos Pink Floyd.

No entanto houve mesmo uma resposta por parte de Alan Parsons, afirmando que tinha gostado do som delicado e melancólico e que os queria ajudar: “Eu disse para mim mesmo, eles podem ser os próximos Radiohead” revelou Parsons à BBC.

“Isso foi realmente fantástico”, disse Richard Simic, baterista e cofundador da banda. “O único problema foi que Alan estava em Santa Barbara e visitar o seu estúdio para gravar o nosso segundo álbum teria custado cerca de 70.000€. Era dinheiro que simplesmente não tínhamos”, concluiu o músico em conversa com a BBC.

A banda tentou aproximar-se de algumas editoras para tentar obter financiamento, mas sem sucesso, tentaram ainda angariar dinheiro através do site de crowdfunding “Kickstarter”, mas apenas conseguiram arrecadar 11.000€. Foi aí que a tecnologia veio em socorro.

“Live feedback”

“O Alan sugeriu que fizéssemos a gravação do álbum no Reino Unido e ele ajudava-nos utilizando um programa de gravação remota em tempo real” revelou Simic.

Enquanto a banda se encontrava a montar o seu equipamento no estúdio Foel, localizado no centro de Gales – um local de gravação para bandas tão diversas como os Stranglers, Scritti Politti e Klaxons – Parsons monitorizava os processos a partir de Santa Barbara através de um tablet, dando sugestões sobre o posicionamento dos microfones, escolhas de instrumentos e por aí fora.

Ao utilizar o software de áudio digital Source-Connect, Parsons foi capaz de ouvir a gravação multicanal da banda em alta fidelidade e sugerir como poderiam melhorar o som e os arranjos para o seu álbum recém-lançado, “Enduring Days You Will Overcome”.“Foi como se ele tivesse no estúdio connosco” afirmou Simic, “receber feedback ao vivo foi inigualável”.

Rebekah Wilson, de 38 anos, compositora e especialista em programação que fundou a Source Elements, empresa por trás do software colaborativo, revelou à BBC: “O que é único no nosso software é que restaura e substitui automaticamente qualquer pacote de dados que esteja em falta, por isso não existem interrupções na linha temporal. Isso dá a sensação de uma gravação ao vivo em tempo real”.

Esta semana, a Source Elements vai a lançar uma versão simplificada do seu programa, desenhada para o Google Chrome, permitindo que os músicos e produtores gravem e compartilhem áudio de alta qualidade de uma forma muito simples. A subscrição mensal do programa deverá rondar os 7€.

Paulo Costa