A tarde começou em português com João Só & Abandonados, no seu registo pop-rock descontraído e juvenil que conseguiu levar algum público ao Palco Planeta Sudoeste. Mas foi a seguir, ainda em português, que esse palco recebeu a primeira enchente do dia. Os Diabo na Cruz já conseguiram, a confiar naquilo que se podia ver, criar um culto considerável e uma base de fãs bem fiel.

A banda liderada por Jorge Cruz proporcionou o habitual concerto dinâmico e sem falhas que têm vindo a apresentar ultimamente. “Os Loucos estão Certos”, a versão de “Lenga lenga” dos Gaiteiros de Lisboa, ou Dona Ligeirinha foram alguma das canções que receberam eco do público. O rock virado para as raízes dos Diabo na Cruz já parece ter levantado voo...

Entretanto no Palco TMN, Brett Dennen inaugurava a noite com as suas músicas apropriadas para um final de tarde numa qualquer praia da Califórnia e, aparentemente, do Sudoeste Alentejano.

Os Anaquim, de novo no Palco Sudoeste, animaram o público que compôs consideravelmente aquele espaço. As suas músicas apelam à diversão e ao bom humor e a banda não quis perder esta oportunidade para cativar mais fãs. Houve músicas bem conhecidas em versão reggae (contaminados pelo palco ao lado?) e até a música da série de animação Tom Sawyer”. Razões suficientes para deixar na cara de quem assistiu um sorriso franco.

As Sugababes têm um bom punhado de canções pop que estão na memória de muito boa gente mas, às vezes, isso não chega. À semelhança do que aconteceu na sua passagem anterior por Portugal, no Rock in Rio Lisboa e ainda com outra formação, o palco pareceu grande demais para o trio. “Round Round”, logo ao início, foi talvez o ponto mais assinalável de um concerto em que as três britânicas passaram em revista a sua carreira em temas como “Stronger”, “Push the Button” ou “Red Dress” e onde até houve tempo para uma versão de “Rabbit Heart” de Florence + the Machine.

Enquanto o palco se preparava para receber Mika, com um cenário que misturava o imaginário infantil com adereços semelhantes aos do Dia dos Mortos no México, o público começou a aproximar-se para assistir ao concerto. Foi o único momento do dia em que foram visíveis as 38 mil pessoas que a organização diz terem passado por este dia de festival. E foram essas mesmas pessoas que receberam efusivamente Mika quando, ao som de “Relax (Take it Easy)”, o músico surgiu em palco.

Hiperactivo, Mika corre de um lado para o outro do palco, sobe para cima do piano, dança… e canta também. Em “Big Girls” recebe a visita de duas roliças senhoras com cabeça de caveira e uma perna insuflável cresce junto do público. Em “Stuck in the Middle” interage com a banda como se estivessem num circo. Tudo no espectáculo de Mika é, diga-se, exagerado.

Depois de interpretar alguns dos seus êxitos, como “Blame it on the Girls” ou “Happy Ending”, e com um boneco gigante como companhia, Mika interpreta “Love Today”. É nessa altura que com uma pistola imaginária, como num jogo entre crianças, “assassina” todos os elementos da banda. Do guitarrista à baterista que, antes de morrer, ainda tem tempo de fazer um solo. Por fim acaba por se “suicidar” da mesma forma quando o concerto parecia estar no seu ponto mais alto. Mas o espectáculo ainda não tinha acabado. Mika contou até 3 e tanto ele como a banda regressaram para terminar, em festa, a música.

“We Are Golden” e “Grace Kelly” foram as músicas que Mika interpretou de seguida, antes de se atirar a uma versão de “Sweet Dreams (Are Made of This” dos Eurythmics e de trazer todas as “personagens” do seu espectáculo ao palco e agradecer ao público, ao som de “Lollipop”.

Os argentinos e uruguaios Bajofondo fecharam o Palco TMN com a sua música próxima daquela que tornou famosos os Gotan Project mas que segue um caminho mais dançável. O público, em menor número do que em Mika mas ainda assim presente, parece ter ficado agradado com a proposta.

Texto e Fotografias: Frederico Batista