A Galeria Municipal do Porto abre hoje a temporada 2018 com uma exposição de cerca de 50 obras de 33 artistas portugueses, a maioria quando ainda se encontrava em início de carreira - daí o nome, "Germinal" -, de uma coleção construída pelo escultor Pedro Cabrita Reis, durante 30 anos, que totaliza 388 peças, adquirida em 2015 pela Fundação EDP e integrada na sua coleção de Arte.

“Germinal” abre com “Barco Negro!”, uma obra do escultor João Pedro Vale, com dimensões a imitar a realidade de uma embarcação, na qual o artista se interroga sobre a história, as lendas, a propaganda, trazendo para dentro da embarcação muitos dos símbolos portugueses, como fado, futebol ou os Descobrimentos.

A exposição termina com uma peça de Vasco Araújo, do núcleo “Ao encontro do outro”, em que os visitantes vão poder sentar-se numa sala com cadeirões e almofadas, e onde se pode ver um vídeo onde o próprio Vasco Araújo – com formação musical em ópera - aborda a temática da diferença de género.

“A relação dos artistas com o Pedro, e [a relação] do Pedro Cabrita Reis com os artistas decorria muito de um interesse particular que ele tinha pelas gerações mais novas, pelo que estavam a produzir, perceber para onde é que o trabalho deles se estava a orientar, que relação é que tinham com as questões da atualidade, sobre o que é que estavam a pensar”, explicou à Lusa Ana Anacleto, uma das curadoras da exposição, cujo trabalho foi partilhado com Pedro Gadanho, diretor do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia.

Todos os artistas têm interesse normalmente pelo que os seus pares estão a produzir e Pedro Cabrita Reis tinha um interesse muito particular, declarou ainda Ana Anacleto, considerando que Cabrita Reis “teve olho” e foi um “visionário” para adquirir obra de artistas ainda desconhecidos, muitos deles ainda estudantes.

A exposição inaugurada hoje, e que vai ficar patente na Galeria Municipal do Porto até dia 20 de maio, parte depois para Lisboa, e traça uma “ampla e sólida” representação da “Geração de 90”, do século XX, mas também apresenta ao público obras de artistas de gerações anteriores e posteriores, que demonstram “o olhar de um colecionador atento” e “vinculado ao apoio a artistas e às práticas experimentais”, lê-se no catálogo sobre a programação da Galeria Municipal do Porto.

O “sujeito em fratura” (ideia do pós-modernismo), “Ao encontro do outro” (questões de identidade de género), “O predomínio da tecnologia” (usada de forma democrática) e a “Herança das imagens” são os quatro núcleos da “Germinal”, que funcionam como pretexto “para momentos de reflexão e diálogo ao longo do espaço”, explicam os curadores, numa nota de apresentação, entregue aos jornalistas.

Ana Pinto, António Olaio, Carlos Bunga, Francisco Tropa, Carlos Roque, Francisco Queirós, Gil Heitor Cortesão, Joana Vasconcelos, João Paulo Feliciano, Vasco Costa, Rui Toscano, Rui Moreira, Nuno Cera, Sílvia Hestnes Ferreira, Rui Calçada Bastos, Rosa Carvalho, João Tabarra são alguns dos 33 artistas portugueses com obras expostas na “Germinal”, uma exposição de entrada livre junto aos Jardins do Palácio de Cristal.

A exposição pode ser vista de terça-feira a sábado, entre as 10:00 e as 18:00, e aos domingos entre as 14:00 e as 18:00, encerrando aos feriados e segundas-feiras.