As autoridades judiciais de Ruanda anunciaram esta quarta-feira (18) o adiamento do anúncio da sentença, prevista para sexta-feira, no julgamento por "terrorismo" contra Paul Rusesabagina, cuja história inspirou o filme "Hotel Ruanda".

"A sentença no caso de Paul Rusesabagina e coacusados não será anunciada na próxima sexta-feira, como estava previsto", anunciaram nas redes sociais.

"Outra data será comunicada na sexta-feira", completou.

O ex-gerente do Hotel Mil Colinas de Kigali tornou-se famoso graças ao filme de 2004 que contou como este hutu moderado salvou a vida de mais de mil pessoas durante o genocídio que causou 800 mil mortos, principalmente da etnia tutsi, em 1994.

Don Cheadle com Paul Rusesabagina durante a rodagem de "Hotel Ruanda" (2004)

Rusesabagina, que tem 67 anos, foi julgado em Kigali de fevereiro a julho, ao lado de outras 20 pessoas, por alegado apoio à Frente de Libertação Nacional (FLN), grupo rebelde acusado de ter executado ataques violentos em Ruanda.

Ele recebeu nove acusações, incluindo "terrorismo". A Procuradoria solicitou uma pena de prisão perpétua.

Paul Rusesabagina morava no exílio desde 1996 nos EUA e na Bélgica. Foi detido em agosto de 2020 em circunstâncias peculiares, ao desembarcar de um avião que pensava seguir para o Burundi, mas que pousou em Kigali.

As autoridades de Ruanda afirmam que a sua detenção foi "legal" e que os direitos de Rusesabagina não foram violados na prisão.

Há vários anos, Paul Rusesabagina acusa o presidente Kagame de autoritarismo e de favorecer um sentimento anti-hutu. Em 2017, participou na criação do Movimento pela Mudança Democrática em Ruanda (MRCD), do qual a FLN é apontada como braço armado.

O acusado nega qualquer envolvimento nos ataques executados por este grupo em 2018 e 2019, que deixaram nove mortos.