
Hadi Matar, o autor do ataque de 2022 que quase matou o escritor indiano Salman Rushdie, foi condenado na sexta-feira a 25 anos de prisão por tentativa de homicídio, informou o tribunal de Mayville, no norte do estado de Nova Iorque.
"Hadi Matar foi condenado a 25 anos mais cinco anos de liberdade condicional por tentativa de homicídio, e outros sete anos de prisão e três anos de liberdade condicional por agressão", sentenças a serem cumpridas simultaneamente, disse o tribunal num comunicado enviado à France-Presse.
O libanês-americano de 27 anos foi considerado culpado de tentativa de homicídio e agressão por um júri em fevereiro, no final de um julgamento de quase quatro semanas no qual o escritor testemunhou.
O juiz David Foley não alterou a moldura penal a que se expunha pelos crimes que levaram a sua condenação.
Matar esfaqueou o autor de "Os Filhos da Meia-Noite" uma dúzia de vezes no rosto, pescoço e abdómen a 12 de agosto de 2022, quando se preparava para dar uma palestra para cerca de mil pessoas sobre a proteção da liberdade dos escritores em Chautauqua, uma cidade tranquila na fronteira com o Canadá.
O escritor perdeu o olho direito, que cobre com uma lente escura nos seus óculos, e passou semanas entre a vida e a morte.
Rushdie recebeu várias ameaças de morte desde que a sua obra "Os Versículos Satânicos" foi declarada blasfema em 1989 pelo então líder supremo do Irão, o aiatola Ruhollah Khomeini, que emitiu uma 'fatwa' (decreto religioso) convocando os muçulmanos do mundo todo para matar o escritor.
Antes do julgamento, Matar declarou que lera apenas duas páginas da obra, o suficiente para acreditar que o autor "atacara o Islão”.
No tribunal de Mayville, onde se apresentou como testemunha, Rushdie disse que pensou que iria "morrer" depois de ser esfaqueado.
Matar ficou "muito perto" de matar Salman Rushdie, disse o procurador Jason Schmidt na abertura do julgamento.
Rushdie viveu recluso em Londres durante uma década após a 'fatwa' de 1989, mas nos últimos 20 anos – até ao ataque – viveu de forma relativamente normal em Nova Iorque.
Ele tornou-se o centro de um feroz debate entre os defensores da liberdade de expressão e aqueles que insistiam que insultar uma religião, especialmente o Islão, era inaceitável em quaisquer circunstâncias.
No ano passado, publicou um livro de memórias chamado “Faca – Meditações na sequência de uma tentativa de homicídio”, no qual recordou os acontecimentos daquele ataque e o longo processo de recuperação.
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