“Lisboa, cidade onde nasceu, enaltece um dos grandes vultos da arte contemporânea portuguesa e internacional que, com o seu trabalho artístico, nomeadamente na gravura e na pintura, na qual privilegiou a técnica a acrílico, para além da utilização do pastel e da colagem, rasgou novos horizontes, intensificando um dos papeis que as artes em geral, e a pintura em particular, podem desempenhar, através da criatividade aguçar o espírito crítico, o estímulo ao questionamento e ao inconformismo, exprimir ideias, sentimentos e valores, uma das expressões máximas da liberdade”, lê-se no voto de pesar pelo falecimento de Paula Rego.
Em reunião privada do executivo camarário, o voto foi apresentado pela liderança PSD/CDS-PP e foi também subscrito por todos os restantes vereadores, manifestando “profundo pesar” pela morte, na quarta-feira, da pintora Paula Rego e expressando “as mais sentidas condolências” à família e amigos.
Nascida a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa, a pintora Paula Rego, uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional, faleceu aos 87 anos, em Londres, cidade onde vivia.
Na quarta-feira, a Câmara de Lisboa já tinha lamentado a morte de Paula Rego, considerando que “as suas criações artísticas ficarão para sempre gravadas no panorama das artes dos séculos XX e XXI”, numa nota enviada à comunicação social.
No voto de pesar hoje aprovado, o executivo camarário realça o percurso da artista, recordando que, em 2016, recebeu do município a Medalha de Honra da Cidade, numa cerimónia que decorreu no Museu Bordalo Pinheiro.
“Nome maior da pintura contemporânea mundial, começou aos 17 anos a estudar em Londres, entre 1952 e 1956 ingressa e frequenta a Slade School of Fine Art, Londres, Reino Unido, onde conhece o artista inglês, ainda estudante, Victor Willing com quem viria a casar e teria três filhos”, é referido no voto de pesar.
Apesar de ter nascido em Lisboa, “a capital britânica seria a sua residência mais duradoura, mas a sua ligação a Portugal sempre se manteve, onde vinha, de resto, com regularidade”, indica a câmara, lembrando que Paula Rego e a sua família viveram entre 1963 e 1975 entre o Reino Unido e Portugal, até fixarem residência em Londres em 1976.
“Entre 1999 e 2005 recebe vários títulos de Doutora honoris causa em Letras por várias universidades britânicas, tais como The London Institute (2002) ou a Oxford University (2005), e a americana Rhode Island School of Design (2000). Em 2011 recebe o título de Doutora honoris causa proposto pela Faculdade de Belas-Artes, Universidade de Lisboa. Em 2015 recebe o título de Doutora honoris causa em Letras, pela University of Cambridge, Reino Unido”, realça o executivo camarário.
A Câmara de Lisboa sublinha também os traços da identidade portuguesa de Paula Rego, nomeadamente “o imaginário, os contos populares e recordações de infância vividas em território nacional, que marcam de forma evidente a sua obra, mas também da literatura britânica, como Jane Eyre, romance da escritora britânica Charlotte Brontë publicado em 1847”.
“Em Portugal, podemos visitar na Área Metropolitana de Lisboa, na Casa das História Paula Rego, em Cascais, inaugurada em 2009, um conjunto significativo e particularmente representativo de obras da artista portuguesa e de Victor Willing, de quem enviuvou em 1988”, acrescenta o município de Lisboa, referindo que na memória coletiva ficam exposições marcantes como a de 1988 na Fundação Calouste Gulbenkian, na Fundação de Serralves (2004), Tate Britain (2005) e Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia.
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