“Durante mais de sete décadas, Júlio Pomar sempre variou nas suas técnicas e abordagens artísticas. Criou uma marca inconfundível no panorama nacional e internacional da arte”, pode ler-se na declaração escrita enviada à Lusa.

O artista plástico Júlio Pomar morreu hoje aos 92 anos no Hospital da Luz, em Lisboa.

O diretor do museu localizado no Porto, que conta com várias obras de Pomar na coleção, incluindo uma peça doada pelo próprio em 2014, acrescentou que Júlio Pomar “juntou a pintura com um sentimento da arte que se vê como uma forma de conhecimento e de reflexão social”.

Em 2008, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves acolheu a exposição “Cadeia da Relação”, onde apresentou cerca de uma centena de desenhos, colagens e ‘assemblages’ (montagens), que abrangiam todo o seu percurso, centrando-se sobretudo na sua produção dos anos 1960 e 1970.

Na altura, sobre a forma como fazia as suas ‘assemblages’, que usam sobretudo materiais de vário tipo encontrados nas praias portuguesas, Júlio Pomar disse que a escolha dos materiais é feita no momento, isenta de quaisquer preconceitos.

"Eu não saio à procura, nem as coisas estão lá para que eu as encontre. Encontro-as ou não, é tudo. As coisas estão carregadas do que lhes puseram em cima. E se este encontro acontece, não sei se recupero [as coisas], só sei que [as] uso", afirmou.

"A ingenuidade e a ignorância podem servir como uma maneira de questionar o quotidiano", afirmou o pintor, para quem "é preciso estar com o seu tempo, mas também é preciso estar contra ele".

Pintor e escultor, nascido em Lisboa em 1926, Júlio Pomar é considerado um dos criadores de referência da arte moderna e contemporânea portuguesa.

O artista deixa uma obra multifacetada que percorre mais de sete décadas, influenciada pela literatura, a resistência política, o erotismo e algumas viagens, como a Amazónia, no Brasil.