Considerada "a primeira atriz do Sudão", Asia Abdelmajid, de 80 anos, morreu hoje devido a ferimentos causados por estilhaços de um projétil que atingiu a sua casa, durante confrontos entre o exército e os paramilitares, disse o filho.

Taj Al Din al-Fitury relatou que a sua mãe “sofreu ferimentos na terça-feira quando estilhaços de um projétil caíram no seu quarto" em Cartum Norte, uma cidade próxima à capital, onde se verificam os combates mais violentos.

O filho, citado pela agência de notícias EFE, disse que a antiga atriz foi levada para um hospital perto da sua casa, mas perdeu a vida "porque sofreu um ferimento na cabeça que causou uma hemorragia interna".

Acrescentou que a famosa atriz e viúva do poeta Mohamed al-Fitury, foi enterrada numa fundação educativa que criou e à qual se dedicou depois de ter deixado de representar.

"Estou triste com a morte da minha mãe. Falámos uma hora antes de os estilhaços atingirem a casa dela", lamentou Al-Fitury, que soube do incidente através de um vizinho de Abdelmajid.

"Ela era como uma amiga, como uma mãe e um pai ao mesmo tempo, depois da morte do meu pai. Ela cuidava das pessoas pobres", disse o filho.

Asia Abdelmajid, nascida em 1943, foi uma pioneira do teatro sudanês e sempre foi considerada na imprensa como "a primeira atriz do Sudão", porque foi a primeira, segundo os registos, a subir ao palco de um teatro.

Abdelmajid nasceu no bairro de Al Omda, na cidade de Um Durman, no seio de uma família de artistas. Entrou para a faculdade de educação de Um Durman e trabalhou como professora depois de se formar em 1962.

Sempre interessada em arte, especialmente em teatro, foi para o Egito em 1968 para estudar na Academia de Artes Performativas do Cairo, onde se formou em 1972.

Fundou o primeiro grupo de artes populares no Sudão em 1965 e participou em vários festivais dentro e fora do país africano.

A morte de Abdelmajid é a primeira de uma figura popular no contexto do conflito no Sudão, que opõe, desde 15 de abril, as Forças Armadas e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), e que já causou pelo menos 550 mortos, segundo a última estimativa do Ministério da Saúde sudanês.

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