Em “Geneaologically Weaved”, Raquel Belli, mostra um novo conjunto de trabalhos, partindo de fotografias antigas, todas tiradas em Goa, do espólio da família materna.

Essas imagens antigas foram “entrelaçadas com imagens atuais, de objetos ou outras coisas específicas dos locais onde as primeiras foram captadas”, contou à Lusa, numa visita à exposição.

As imagens atuais são “bastante generalizadas, de plantas, frutos e outras coisas típicas daquela zona da Ásia ou levadas para lá e das quais" a sua "família tem muita memória”.

Fotógrafa de formação, Raquel Belli começou a desenvolver a ‘tecelagem’ de fotografias em Timor-Leste, onde viveu e trabalhou como fotógrafa durante seis anos.

“Nesses seis anos tive contacto com as mulheres que trabalhavam em tecelagem a fazer os panos tradicionais timorenses". Estes panos foram recentemente classificados pela UNESCO como Património Cultural Imaterial em necessidade de salvaguarda, beneficiando assim de assistência financeira.

"Fotografei-as e falei com elas muitas vezes, e acabei por um dia experimentar fazer o mesmo em casa, mas com fotografias. Nas alturas em que não havia tanto trabalho comecei a fazer isto”, recordou Raquel Belli.

Em cada obra são usadas duas fotografias, iguais ou diferentes. “Em algumas, as fotografias são iguais, mas muda a cor ou a escala, noutras são opostos, como paisagens com a vista de um lado e a vista do outro lado, que depois são entrelaçadas”, explicou.

As imagens antigas onde aparecem crianças, nomeadamente a mãe e os tios de Raquel Belli, entrelaçam-se com imagens atuais de flores. Nesta série, com o entrelaçar, foram criados padrões, “inspirados em padrões de mantas, tecidos, azulejos, que havia cá e lá [Goa]”. “Que, no fundo, são influências portuguesas”, referiu.

Numa outra série, Raquel entrelaçou fotografias antigas onde surgem apenas mulheres com paisagens atuais com palmeiras, “captadas em várias fases do dia”.

O entrelaçar das imagens é feito “todo à mão”, geralmente “em cima de uma mesa”, mas quando as obras são muito grandes “tem que ser no chão”.

“É um trabalho de muita paciência, quase terapêutico, algo que faço sozinha”, disse.

Em alguns casos, “é feito primeiro um projeto digitalmente”, noutros, Raquel Belli vai “inventando” à medida que vai fazendo.

“Quando quero algo muito específico, como é caso dos padrões de azulejos, tenho que ter um projeto, que ora faço em computador ou por detrás da fotografia, que estão todas quadriculadas por trás”, revelou.

O tempo que cada trabalho demora a ser feito “depende do tamanho da peça e do tamanho da malha”. As obras que estão expostas na Underdogs demoraram, cada uma, entre um a dois dias.

“Genealogically Weaved”, de entrada livre, é inuagurada na sexta-feira ao final do dia e estará patente até 12 de março.

Em simultâneo, pode visitar-se, no espaço cápsula da galeria Underdogs, “Double Exposure”, da artista visual Mariana Duarte Santos.

Nesta mostra, a artista “dá continuidade a uma obra marcadamente figurativa e realista, alicerçada em personagens e cenas retiradas de ‘still frames’ de séries de televisão e filmes antigos”.

“Oscilando entre pinturas a óleo e acrílico, e desenhos em esferográfica, caneta e aguarela”, nesta exposição, Mariana Duarte Santos “recorre a um universo encenado, mas que é culturalmente familiar e se encontra intrinsecamente gravado no imaginário coletivo, explorando emoções, preocupações, histórias e cenários que são comuns na vida de todos”.

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