A obra, que recupera o percurso de Tozé Brito como músico, autor e produtor, e que inclui várias fotografias inéditas, é apresentada na segunda-feira às 18:30, no Teatro da Trindade, em Lisboa, pelo escritor e músico José Jorge Letria, que assina o prefácio.
José Jorge Letria, atual presidente da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), recorda no prefácio que ambos viveram em Cascais, nos arredores de Lisboa, e conheceram-se quando davam “os primeiros passos na vida musical”, mas percorreram “caminhos diferentes e complementares”.
Letria salienta que Tozé Brito sempre esteve ligado à música, mesmo quando partiu para Londres, por não querer participar na “guerra colonial” travada nos países africanos, que então se encontravam sob administração portuguesa.
Tozé Brito, autor de temas como “Recordar é viver”, interpretado por Victor Espadinha, tem uma “história criativa consolidada ao longo de cinco décadas”, “uma vida em cheio”, escreve Letria, realçando o “inspirado autor”, o “intérprete de voz serena e inconfundível”, que levou ao Festival da RTP, em 1979, “Novo Canto Português”, e que fez parte de grupos como o Quarteto 1111.
Tozé Brito iniciou-se musicalmente aos 15 anos, quando fundou a banda Os Duques, mas a música, como realça Luciano Reis, segundo o biografado, começou quando tinha “menos de um ano” e o pai tocava violão, para ele comer “sem problemas!”.
O músico da formação inicial dos Green Windows, mais tarde fundador dos Gemini nunca frequentou o Conservatório, mas aprendeu música em casa, com o pai.
“O que viria a seguir”, como escreve Luciano Reis, foi uma carreira que passou pelo grupo Pop Five, pelos 1111, os Gemini, a primeira banda portuguesa a receber oficialmente um disco de platina, pelas vendas do álbum "Pensando Em Ti" (1977), mais de 130 mil unidades, e pela representação de Portugal no Festival Eurovisão da Canção com o tema "Dai-li, dai-li dou".
O músico, como autor, esteve ligado ao trio feminino Cocktail, ao quarteto Doce, para o qual escreveu canções como “Ok, KO”, “Café com Sal” ou “Bem Bom”, entre outras.
Escreveu também para outros intérpretes como Victor Espadinha, Simone de Oliveira, Herman José, Paulo de Carvalho, Linda de Suza, Carlos do Carmo, Adelaide Ferreira, Luísa Rocha ou Ana Moura.
António José Correia de Brito, conhecido como Tozé Brito, tem registadas 502 canções na SPA, algumas sob pseudónimos, como Teresa Smith, Pedro Correia ou Ana Beja. Um dos temas que é de sua autoria é a canção de abertura da série televisiva de desenhos animados “Abelha Maia” ou a da série policial “Zé Gato”.
Iniciou a carreira a solo em 1972 com o EP “Liberdade”, editado pela Decca, e nesse mesmo ano concorreu ao Festival RTP com a canção “Se quiseres ouvir cantar”, de sua autoria, com arranjos para orquestra de Jorge Machado (1927-2006).
Em janeiro do ano seguinte gravou em Londres o primeiro “single” dos Green Windows, que incluía o tema “Vinte Anos”.
O percurso de Tozé Brito, de 65 anos, atual vice-presidente da SPA, passou ainda pela área executiva, como gestor de empresas discográficas, entre as quais a BMG Portugal, a antiga Polygram e a Universal Music, onde foi diretor de Artistas e Repertório (A&E), e administrador.
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