Carla Andrino regressou à ficção nacional no papel de «Josefa Ramos», a discreta governanta dos «Monteiro Castro» na novela «Espírito Indomável», da TVI. Nesta conversa com SapoTV, a actriz e psicóloga fala da sua personagem e da sua vida.

Como está a encarar o seu papel na nova novela?

Estou a adorar. Adoro desafios e adoro fazer o papel de mulheres diferentes. Tenho muita energia e ainda bem que sou actriz. Como diz o meu amigo Nicolau Breyner, o actor tem capacidade de viver várias vidas. E tenho tanta energia que uma vida só não me chegava. Embora seja mãe, mulher, amiga, filha, actriz, psicóloga, etc., ainda tenho muita energia para dar e, portanto, ainda bem que vivo várias vidas.

Como descreve a Josefa de «Espírito Indomável»?

É uma mulher do campo, simples como eu, com alma, que eu também tenho, que ama e luta pela família, tal como eu. Isto tudo é uma Carla com uma roupagem mais discreta e mais simples. E simples não é sinónimo de pobre.

Na novela é uma mulher que tem de gerir com sabedoria os conflitos que flagelam a vida familiar dos patrões. Não deve ser nada fácil...

É verdade. Até porque a minha patroa, a amiga querida amiga Sofia Nicholson, vive em conflito com o marido. E embora seja a empregada, acabo por ser a amiga e a confidente. Vivo o problema deles e o problema que está a gerar-se também na minha casa. É uma mulher que chora, é uma mulher que ri, que luta. Eu gosto!

Como comenta esta abordagem de «Espírito Indomável» à violência doméstica, neste caso, exercida essencialmente a nível emocional?

É importantíssima. Sobretudo como mulher e cidadã, mas também como psicóloga considero urgente, sublinho, urgente, que Portugal se una e se acabe com isto de uma vez por todas.Os números já são assustadores e penso que, mesmo assim, estarão um bocadinho abaixo da realidade. É isso que sinto no meu consultório e é vergonhoso que as pessoas ainda tenham este tipo de comportamento. Ainda bem que já é crime. Apelo às mulheres que sofrem de violência doméstica para que tenham a ousadia de arriscar ser felizes e às pessoas que vêem e que se calam para que não sejam cúmplices, pois assim são tão culpadas como o agressor.

No ano passado esteve oito meses no Brasil a gravar a novela «Negócio da China» com Maria Vieira, Joaquim Monchique e Ricardo Pereira. Não estranha que essa novela nunca tenha passado em Portugal?

Não faço comentários sobre isso devido à minha filosofia de vida. Preocupo-me, invisto e entrego-me a fazer aquilo para que sou convidada ou que me proponho fazer. Depois há coisas que me ultrapassam e nem sequer perco tempo a pensar nelas.Fiz o meu trabalho, assim como os meus colegas, e as críticas podem ser vistas na Internet. Várias vezes fomos eleitos o núcleo mais divertido da novela, as audiências aumentavam cada vez que aparecia o núcleo português. Correspondemos às expectativas do autor, o Miguel Falabella, e honrámos o convite. Está feito, tenho a consciência tranquila, deito-me na minha almofada e durmo descansada.

(Entrevista de Inês Costa)