O «Prós e Contras», da RTP, não conseguiu ganhar o prémio de Melhor Programa de Informação atribuído pela Sociedade Portuguesa da Autores, mas o facto de ter sido nomeado deixou muito satisfeita a jornalista que há oito anos conduz os debates.

Como encara esta nomeação do «Prós e Contras» para Melhor Programa de Informação?
A nomeação é já um prémio, é um destaque, porque há muita coisa boa em Portugal em termos de jornalismo e estou muito grata por isso.

Teve concorrentes de peso neste prémio: «Condenados», que ganhou o troféu, e «O meu nome é Portugal», ambos da SIC...
Foi uma luta um bocadinho desigual porque eles têm documentários muito fortes, muito bem feitos, com trabalhos de investigação e reportagem de enorme fôlego. O facto de termos sido os três nomeados é muito bom.

Acha que fazem falta programas de investigação da RTP?
A RTP tem programas similares como o «Linha da Frente», os «30 Minutos» e teve, até há pouco tempo, o «Vidas Contadas». Faz parte, não podemos ser todos nomeados ao mesmo tempo.

É fácil conseguir temas novos todas as semanas para o «Prós e Contras»?
Não é muito difícil porque feliz ou infelizmente, o país está sempre a regurgitar de notícias e eu vou quase sempre no encalço do tema semanal.

Mas os temas são sempre tão diversos...
Aí é que está a parte difícil: o pouco tempo de preparação que temos e, por outro, a coragem que temos que ter porque nem todos os programas são fáceis. Muitos deles deixam sequelas e nem toda a gente fica satisfeita.

É difícil convencer os convidados a participar no «Prós e Contras»?
Depende dos temas. Quando são contraditórios é mais difícil, tem que haver um esforço de persuasão. Mas o programa ganhou já uma credibilidade tal que, hoje em dia, não é muito difícil conseguir convidados de craveira e mesmo da sociedade anónima.

Este programa rouba-lhe muito tempo à vida pessoal?
Este programa tem muito a minha cara, a minha forma de estar, a minha frontalidade, uma certa forma desinibida de apresentar. A minha marca está ali. O facto de o programa durar há oito anos, para mim significa que tenho ali uma responsabilidade muito grande, de me estar sempre a aperfeiçoar e a reinventar.

Gostava de experimentar outros formatos?
Habituei-me a fazer uma coisa de cada vez. Apresentei o Telejornal durante muitos anos, agora é isto. É aqui que tenho a minha alma e toda a minha força. É aqui que largo a minha pele, literalmente. Com tudo o que isto tem de problemas ou de estímulos, como esta nomeação. Amanhã, Deus dirá.

Qual foi o maior dissabor que teve ao longo destes anos de «Prós e Contras»?
Não é fácil lidar com aqueles que se acham preteridos, sobretudo quando estamos em presença de temas que provocam clivagens na sociedade. É preciso um certo esforço e coragem para se estabelecer um critério e aguentar as críticas e as sequelas.
Não é toda a gente que tem esta capacidade. A RTP tem-na por naturalidade, porque é o serviço público de televisão. Tenho, de facto, que agradecer à Direcção de Informação porque me tem apoiado e dado essa confiança. Hoje, o «Prós e Contras» é uma das âncoras do serviço público de televisão pelo seu poder moderador, sempre com o intuito de salvaguardar o interesse geral da sociedade portuguesa.