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De Jean Genet a Shakespeare, de Beckett a Chekhov... rumo a uma das sitcoms mais bem sucedidas dos últimos anos? No início da década de 1990, poucos diriam que um jovem ator de Houston, Texas, com um percurso artístico inicial ligado exclusivamente aos palcos, se tornaria num dos rostos e nomes de maior popularidade do pequeno ecrã. Sobretudo quando, apesar de se ter estreado como ator aos 6 anos, numa peça de teatro infantil, Jim Parsons só conseguiu o primeiro papel numa produção televisiva aos 29. A oportunidade surgiu na série "Ed", da NBC, em 2002, um ano antes da estreia do ator no cinema, como secundário no filme de culto "Garden State", de Zach Braff.
Para trás ficou uma extensa e dedicada carreira no teatro, dos quais a atual estrela masculina mais bem paga da televisão nunca chegou a afastar-se definitivamente, mas mantém agora um contacto mais ocasional. Essa escola, no entanto, mostrou-se determinante para o que se seguiria, em especial os tempos na Universidade de Houston e mais tarde na de San Diego, marcada por um mergulho intensivo no teatro clássico durante dois anos.
Com a mudança para Nova Iorque, em 2001, começaram a abrir-se outras portas. Depois de ter participado em mais de 20 peças na década de 1990, Parsons alternou papéis na televisão e no cinema, conseguindo maior visibilidade através de sete episódios da série "Judging Amy", drama de advogados da CBS. No grande ecrã, foram surgindo trabalhos em filmes independentes como "Heights" ou "The Great New Wonderful", mas o pequeno é que se destacaria como a plataforma mais favorável.
Um trunfo chamado Sheldon
Se os primeiros anos em Nova Iorque ficaram vincados por uma sucessão de audições para episódios piloto de séries, as cerca de três dezenas de tentativas revelaram-se pouco auspiciosas - ou porque Parsons não era selecionado, ou porque a produção não tinha sinal verde para continuar. Mas o jogou virou em 2007, graças à sitcom da CBS centrada num jovem grupo de amigos geeks cujo Q.I. acima da média contrasta com as fracas aptidões sociais. Os episódios espirituosos do seu dia-a-dia, quase sempre num apartamento californiano, começaram a agregar adeptos e atiraram "A Teoria do Big Bang" para o topo das séries mais vistas dos últimos anos.
A partir de 2009, a sucessão de prémios veio reforçar a popularidade. O ator hoje indissociável de Sheldon Cooper foi nomeado para o Emmy de Melhor Ator de Série Cómica nesse ano mas seria premiado após a nomeação do seguinte, repetindo o feito em 2011, 2013 e 2014. À coleção cada vez mais volumosa juntaram-se galardões nos Globos de Ouro, Critics' Choice, Teen Choice, People's Choice ou Screen Actors Guild Awards, além de dezenas de outras nomeações.
Ao reunir as preferências do grande público e o imparável aplauso crítico, não surpreende que Parsons tenha sido o ator mais bem pago da televisão norte-americana em 2015 e 2016 - contas da Forbes, que estimam um valor de 25,5 milhões de dólares no segundo ano.
O papel de sobredotado excêntrico e picuinhas não é, ainda assim, o único ao qual o texano se tem dedicado. Recentemente pudemos vê-lo também como engenheiro no drama "Elementos Secretos", nomeado para Óscar de Melhor Filme, e em 2015 "An Act of God" marcou o regresso aos palcos depois de um hiato de três anos. E talvez não seja por acaso que Parsons encarne Deus na peça do Studio 54, em Nova Iorque: mesmo na chamada Idade de Ouro da televisão, continuam a encontrar-se poucos nomes à altura do seu estatuto.
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