"Shin Chan", série de animação que acompanha o dia a dia de uma criança de cinco anos que aterroriza os seus pais (apesar de o seu pai parecer ser uma grande influência), foi considerada imprópria para crianças pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que frisa que o humor da série "pode ser de difícil descodificação para o público infantil, sendo sobretudo destinado a públicos adolescentes".

Na deliberação partilhada no site, a ERC revela que, entre os dias 6 de dezembro de 2016 e 24 de janeiro de 2017, deram entrada 105 participações "contra o serviço de programas Panda Biggs", devido à "emissão de um episódio da série animada “Shin Chan”, a 27 de novembro de 2016". A entidade explica que parte das queixas surgiram num blog e outras foram reecaminhadas pelo Instituto de Apoio à Criança ou pela Secretaria Geral do Ministério da Saúde.

Segundo a ERC, a Ordem dos Enfermeiros explica que num episódio da série, "duas personagens vestidas como enfermeiras, no âmbito de uma unidade de saúde, realizam um exame ao ânus da personagem principal – uma criança de 5 anos, de nome Shin Chan – exame que passa por penetração com os dedos e sugestão de penetração com objetos, acompanhado de comentários sobre a alegada perfeição do ânus e imagens e sons de sofrimento da mesma criança".

Para a ordem de profissionais, "num tempo em que a pedofilia constitui (e deve constituir) uma preocupação para as entidades com responsabilidade no desenvolvimento das nossas crianças, bem como da comunidade em geral e em especial dos pais, levando a que todos procurem encontrar formas de garantir a sua segurança, nomeadamente, tentando muni-los de ferramentas que permitam garantir de forma rápida e eficaz sinais de alerta para tais comportamentos, não se pode deixar de considerar como inaceitável a emissão de um programa em que se considera e se transmite como normal ou natural tal tipo de comportamento, em especial, de profissionais de saúde junto de uma criança".

De acordo com deliberação da ERC, a Associação Projeto Criar considerando que "um rapaz menor de idade é sexualmente abusado por três enfermeiras adultas", que "força a abertura das nádegas da criança expondo explicitamente o seu ânus e comentando que nunca viram ânus mais bonito".

Em resposta, o Panda Biggs considera que as queixas são descontextualizadas. "É manifesto, pelos comentários produzidos, que os queixosos não viram o episódio completo. Por isso mesmo, (...) apelidar aquilo que aqui está em causa de 'abuso sexual de criança' e de 'pedofilia' (...) é, desde logo, completamente descabido. Nem este canal ou a sua direção saberiam, aliás, conviver com tamanha atrocidade", frisa o Panda Biggs, acrescentando que "a verdade é que esta é uma série extremamente popular e de enorme audiência, que pretende entreter e divertir o público e que "está em exibição no canal há bastante tempo, sem que tenha havido qualquer registo de reclamações".

Na deliberação, a ERC frisa que "a cena que motivou as participações não pode ser considerada como pornográfica, uma vez que não representa atos sexuais, nem tem como propósito excitar o telespectador". Porém, a entidade reguladora frisa que "o tipo de humor" pode ser "de difícil descodificação para o público infantil" e, portanto, a série deverá ser transmitida depois das 22h30.