Embora com uma carreira longa na interpretação, William Shatner e Leonard Nimoy ganharam a eternidade com as personagens de James T. Kirk e Spock na série de ficção científica «Star Trek», porventura o maior fenómeno de fãs da história da televisão.
Shatner nasceu no Canadá em 1931 e deu os primeiros passos na carreira de actor no teatro em diversas peças de Shakespeare. O salto para os EUA deu-se em 1956, com algumas experiências na Broadway, e a primeira longa-metragem de Hollywood chegou logo em 1958, no épico da MGM «Os Irmãos Karamazov», ao lado de Yul Brynner. Porém, a fama tardaria a chegar e Shatner começou a sobreviver dos trabalhos na televisão, em séries como «Alfred Hitchcock Apresenta», «Quinta Dimensão», «The Outer Limits» ou «The Man from U.N.C.L.E.», num episódio com o seu futuro colega Leonard Nimoy.
Por seu turno, Nimoy, nascido em Boston em 1931, começou carreira de actor em 1951 mas, apesar de ter tido um papel protagonista logo em 1952, com «Kid Monk Baroni», nas duas décadas seguintes também surgiu apenas em filmes de série B e series de televisão, como «Bonanza», «Os Intocáveis» e «Perry Mason».
Entre 1966 e 1969, a imortalidade chegou para ambos com a série televisiva «Star Trek», embora não de forma imediata. Na verdade, apesar da imensa popularidade de que hoje goza, a série esteve longe de ser um sucesso no início e a falta de espectadores obrigaria mesmo ao seu cancelamento no final da terceira temporada. Mas inesperadamente, de forma gradual, criou-se um gigantesco fenómeno de culto em redor de «Star Trek», que aumentou de forma estratosférica, o que levou à continuidade da mesma nas mais diversas encarnações, incluindo numa dezena de longas-metragens de grande orçamento, com os dois actores a participarem nas seis primeiras.
A partir daí, e apesar de terem continuado a ter carreiras relevantes, a identidade de ambos colou-se sempre de forma indelével à das personagens que criaram. Aliás, o próprio Nimoy geraria alguma polémica entre os fãs ao lançar em 1977 uma autobiografia intitulada «I Am Not Spock», em que procurava distanciar-se da personagem, a que se seguira uma espécie de redenção em 1995, com uma nova autobiografia intitulada «I Am Spock».
Na década de 70, após o cancelamento de «Star Trek», Shatner e Nimoy continuaram a surgir em filmes de reduzido orçamento e em séries de televisão, mas o seu estatuto de ícones foi crescendo à medida que o culto em redor da série foi aumentando. A partir dos anos 80, Shatner protagonizou a série televisiva policial de sucesso «T.J.Hooker», com que se estreou também na realização em alguns episódios, dirigindo depois a longa-metragem «Star Trek V: A Última Fronteira».
Com actividade intensa na publicidade, literatura e televisão, Shatner voltou em grande à ribalta na última temporada da série «The Practice», que lhe valeria um Emmy, criando aí a personagem do excêntrico advogado Denny Crane, que depois interpretaria nas cinco temporadas da série de enorme sucesso «Boston Legal», entre 2004 e 2008, que lhe valeram mais um Emmy.
Já Nimoy, que logo a seguir a «Star Trek» entrou no elenco de «Missão: Impossível», teve depois uma carreira muito activa e elogiada no teatro, e tentou a realização com grande sucesso, nos filmes «Star Trek IV: Regresso a Casa», a entrada de maior êxito da série até ao recente filme de J.J.Abrams, e ainda a comédia «Três Homens e Um Bebé». Além disso, o actor desenvolveu também trabalho contínuo em áreas como a fotografia e a narração de séries de televisão e de discos de declamação.
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