O filme de animação "A paixão de Van Gogh", feito a partir de mais de 65.000 pinturas a óleo, recriando o traço impressionista do pintor holandês, estreia-se na quinta-feira em 13 salas de cinema portuguesas.

Os realizadores, a polaca Dorota Kobiela e o britânico Hugh Welchman, têm percorrido vários países a apresentar esta longa-metragem de animação e a explicar o que muitos julgavam quase impossível, num tempo de avanços tecnológicos na criação cinematográfica.

"Continuamos a dizer às pessoas que este filme foi feito integralmente com pinturas a óleo e a maioria ainda quer saber o que é que fizemos em computador. É bom quando podemos mostrar os quadros e as pessoas exclamam que é uma pintura de verdade!", afirmou Hugh Welchman à agência Lusa, em Lisboa.

"A Paixão de Van Gogh" é um filme biográfico sobre a morte de Vincent Van Gogh, ocorrida a 29 de julho de 1890, aos 37 anos em França, em consequência de um tiro no abdómen, permanecendo o enigma se foi autoinfligido ou disparado por outra pessoa.

A história, quase num tom detetivesco, é contada a partir das interrogações do filho do carteiro, que pretende encontrar destinatário para a última carta que Vincent Van Gogh escreveu ao irmão, Theo, e nunca foi entregue.

O filme teve uma fase de rodagem com atores, como Robert Gulaczyk (no papel de Van Gogh), Douglas Booth, Jerome Flynn e Saoirse Ronan, mas o trabalho visual assenta em pintura a óleo em todos os 'frames' da imagem real, recriando não só o traço característico como as mais conhecidas obras de Van Gogh.

Para tal, os realizadores contaram com uma equipa de 125 artistas de todo o mundo que pintaram as cerca de 65.000 pinturas a óleo para compor o filme de animação. Em média, foram precisas duas semanas para pintar um segundo de filme.

Em declarações à agência Lusa, Dorota Kobiela e Hugh Welchman confirmam que se têm desdobrado a explicar o processo de concretização do filme: "Pensam que é impossível, mas é só uma forma mais lenta de fazer animação".

Feita a estreia em vários países em sala de cinema e em museus, os realizadores inauguraram já uma exposição com algumas das obras pintadas para o filme no Noord Brabants Museum, a sul de Amesterdão, distribuíram outras pela equipa técnica e pelo elenco e têm estado a vender outras aos espectadores.

Na verdade, "A Paixão de Van Gogh" esteve para ser uma curta-metragem de animação de Dorota Kobiela, mas Hugh Welchman convenceu-a a fazer uma longa-metragem para chegar a mais pessoas.

"O que ela começou a fazer era tão lindo e a história de vida dele era tão interessante que devia ser uma longa - tecnicamente só precisávamos de saber como pintá-lo", disse.

Hugh Welchman acredita que Van Gogh - considerado louco e fracassado em vida e um génio artístico depois da morte - ficaria feliz por este filme. "Não só porque demos emprego a 125 pintores, mas porque o sonho dele era que houvesse uma comunidade de artistas".

"Ele teria ficado muito contente por sentir que o trabalho dele foi inspirador para por vários artistas em contacto uns com os outros", disse.

Atualmente, os dois realizadores preparam um novo filme de animação de horror, baseado nas últimas obras do pintor espanhol Francisco de Goya, em particular na série "Los desastres de la guerra".

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