O ator Alec Balwin e ainda a armeira Hannah Gutierrez-Reed conseguiram uma vitória importante no processo em que estão acusados de homicídio involuntário pela morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins durante a rodagem do filme "Rust".
Esta segunda-feira, os procuradores do Novo México deixaram cair a segunda acusação de homicídio involuntário, uma circunstância agravante que tinha a pena mais grave: além de ser um crime punível com até 18 meses de prisão e multa até cinco mil dólares, exigia que se fizesse prova que houve mais do que simples negligência envolvida numa morte e estando em causa uma arma de fogo, estava sujeita a uma sentença obrigatória de cinco anos de prisão se fossem considerados culpados.
Esta agravante foi contestada pelos advogados do ator, pois baseia-se numa lei do Novo México que não estava em vigor na época da tragédia.
"Com a finalidade de evitar mais distrações litigiosas por parte do senhor Baldwin e dos seus advogados, a procuradora distrital e o procurador especial retiraram [a acusação]. A prioridade da procuradora distrital é garantir justiça, não garantir horas cobradas para os advogados de cidades grandes”, disse a porta-voz Heather Brewer à comunicação social.
A 30 de janeiro, a procuradora distrital do condado de Santa Fé, no estado do Novo México, tinha apresentado duas acusações de homicídio involuntário.
O processo avançará com a primeira acusação, que acarreta uma pena até 18 meses de prisão e multa de cinco mil dólares, o que, na prática, pode significar que os dois acusados podem ter uma pena muito leve ou nem cumprir qualquer tempo na prisão.
Balwin e Gutierrez-Reed deverão ir a julgamento ainda este ano. A primeira audiência será esta sexta-feira, estando prevista a presença virtual dos dois réus.
Recorde-se que o assistente de realização David Halls, citado nos relatórios da polícia como a pessoa que entregou a arma a Alec Baldwin, chegou a acordo com a justiça, aceitando uma pena suspensa de seis meses pela acusação de uso negligente de arma.
Em 11 de outubro de 2021, nas filmagens de “Rust”, que decorriam num rancho no Novo México, foi feito um disparo durante um ensaio que vitimou a diretora de fotografia Halyna Hutchins e causou ferimentos no realizador, Joel Souza.
Após ser anunciada a intenção de avançar com acusações, o sindicato profissional dos atores americanos (SAG-AFTRA) emitiu um comunicado contundente onde descreveu a morte de Halyna Hutchins como uma "tragédia" e ainda mais porque podia ter sido evitada, mas salientando que a acusação era "errada e desinformada" pois o que aconteceu não é “uma falha no dever ou um ato criminoso por parte de qualquer artista”.
“A alegação da procuradoria de que um ator tem o dever de garantir a operação funcional e mecânica de uma arma de fogo num set de produção é errada e desinformada”, escreveu o sindicato.
"O trabalho de um ator não é ser um especialista em armas de fogo. As armas de fogo são fornecidas para o seu uso sob a orientação de vários profissionais especializados diretamente responsáveis pela operação segura e precisa dessa arma de fogo. Além disso, o empregador é sempre responsável por fornecer um ambiente de trabalho seguro em todos os momentos, incluindo a contratação e supervisão do trabalho dos profissionais treinados em armas", acrescentava o comunicado.
A organização recordou que os padrões da indústria para a segurança com armas de fogo e uso de munição vazia estão "claramente definidos" e as "diretrizes não tornam responsabilidade do executor verificar qualquer arma de fogo".
"Os artistas treinam para atuar e não é exigido ou esperado que sejam especialistas em armas ou experientes no seu uso. A indústria atribui essa responsabilidade a profissionais qualificados que supervisionam o seu uso e manuseio em todos os aspetos. Qualquer pessoa que tenha uma arma de fogo no set deve receber treino e orientação sobre o seu manuseio e uso seguro, mas todas as atividades com armas de fogo no set devem estar sob a supervisão e controlo cuidadosos do armeiro profissional e do empregador", notava.
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