No centro de várias acusações de assédio sexual a jovens, incluindo menores, desde os anos 1980 até ao ano passado, Kevin Spacey conseguiu o feito de fazer passar para um relativo segundo plano o escândalo que envolve o produtor Harvey Weinstein e outras personalidades.
Despedido da série "House of Cards" e "apagado" a poucas semanas da estreia do filme "Todo o Dinheiro do Mundo", agora o colega Bryan Cranston é a primeira personalidade de primeiro plano em Hollywood a dizer em público o que muitos pensam: que Kevin Spacey nunca mais conseguirá voltar a trabalhar.
"Ele é um ator fenomenal, mas não é uma pessoa muito boa. Acho que a sua carreira acabou", afirmou à Newsbeat da BBC sobre o vencedor de dois Óscares.
Apesar de só se ter tornado realmente uma estrela com a série "Breaking Bad", Bryan Cranston, agora com 61 anos, trabalha há muito tempo em Hollywood. E embora nunca tenha testemunhado abusos, garante que se sabe que é algo que acontece.
"Existe uma doença entre todas essas pessoas que usam o seu poder, a sua posição ou o seu estatuto em qualquer indústria para dominar alguém ou forçar alguém a fazer algo que não querem fazer. É para lá de nojento. É quase animalesco", revelou.
"É uma forma de maus tratos. É uma forma de controlo. É quase sempre feito a homens e mulheres jovens e vulneráveis que estão a começar a sua carreira. Este tipo de experiência fica sem consequências até que algo como isto acontece", acrescentou, numa referência à atual vaga de acusações.
Atualmente a trabalhar no teatro em Londres, Bryan Cranston acredita que as acusações vão ajudar a mudar a situação na indústria cinematográfica.
"Os pilares do que era estão a cair. Tudo está a ser exposto. Mulheres e homens não deviam ter de tolerar maus comportamentos só por causa da sua juventude e inexperiência. A conclusão é que não vamos tolerar comportamentos como este só porque é a forma como sempre tem sido", concluiu.
Comentários