A passadeira vermelha de Cannes tornou-se, esta quarta-feira (9), palco do protesto pela ausência do cineasta russo Kirill Serebrennikov, em prisão domiciliária, e cujo filme "Leto" disputa a Palma de Ouro.

Os produtores e atores do filme sobre a vida da lenda do rock soviético Viktor Tsoi desfilaram com um cartaz com o nome do realizador e agitaram uma placa branca com o nome do "enfant terrible" do teatro russo.

Dentro da sala onde o filme foi exibido, o elenco mostrou novamente a placa e os convidados aplaudiram de pé. Um assento destinado ao cineasta permaneceu vazio.

"Amo-te tanto. Quem me dera que estivesses connosco", declarou às câmaras a atriz Irina Starshenbaum antes de subir a célebre escadaria, numa mensagem a Serebrennikov.

"Cannes sempre foi um lugar de liberdade de criação e da presença de artistas", disse o delegado-geral do Festival, Thierry Frémaux, ao anunciar em abril a escolha de "Leto".

Serebrennikov, diretor artístico do Centro Gogol, um famoso centro de teatro contemporâneo de Moscovo, foi detido pela Polícia em plena rodagem de "Leto" e a montagem teve que ser finalizada na sua casa.

É a primeira vez que o cineasta, de 48 anos, disputa a Palma de Ouro em Cannes.

As esperanças dos organizadores de ver Serebrennikov novamente na França esvaíram-se após um tribunal russo prolongar a sua prisão domiciliária até 19 de julho.

O cineasta é acusado de um suposto desvio de fundos públicos, um caso que denuncia como "absurdo".

Detido na sua casa à espera do julgamento, recebeu o apoio de muitas personalidades artísticas russas e estrangeiras.

Leto, realizado por Kirill Serebrennikov
Leto, realizado por Kirill Serebrennikov