Carlos Gaio, da organização do
Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, promovido pela Cooperativa Nascente, declarou à Lusa que as obras a concurso foram escolhidas entre 874 candidaturas e que, ao nível da competição internacional, «há uma grande presença da Rússia e da Alemanha, sendo que a primeira se destaca com 12 filmes a concurso - 11 curtas e médias metragens e uma de longa duração».
A produção dos cineastas nacionais, por sua vez, mantém-se «a mesma de 2010» e, apesar de só um filme português ter sido selecionado para a competição internacional, «continua a registar-se no país um ciclo de produtividade bastante bom», o que Carlos Gaio considera «muito importante».
Muitos dos 136 filmes a exibir fora de concurso na 35ª edição do Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho integram sessões retrospetivas que, este ano, se caracterizam por escolhas mais «subjetivas».
Carlos Gaio explicou à Lusa as razões dessa postura: «As retrospetivas são a nossa forma de comemorar os 35 anos e uma delas é precisamente «A nossa escolha», que envolve uma seleção de obras completamente subjetiva, mas resultante da nossa memória quanto aos filmes que mais nos marcaram ao longo destes anos».
Segundo o responsável, «em causa não estão necessariamente os melhores títulos em termos técnicos ou de qualidade global da obra, mas sim os filmes que mais marcaram as pessoas que estão ligadas à organização do Cinanima ao longo destes anos».
Outra escolha igualmente pessoal é a da retrospetiva proposta pela francesa
Nicole Salomon, que, integrando o júri internacional, «é uma ativista do cineclubismo e da difusão do cinema animado», tendo estado envolvida na fundação do Festival de Annecy.
A organização do Cinanima propõe assim no seu programa a sessão «Carta Branca a Nicole Salomon», de cujas escolhas ressalta «um cunho pessoal e feminino» e «um olhar crítico muito atento».
O festival integra ainda duas retrospetivas de autor, «em jeito de homenagem». Uma será dedicada à obra de
Karel Zeman e inclui a exibição de três longas-metragens realizadas por esse «visionário da antiga Checoslováquia, falecido em 1989».
A sua obra tem por base a imagem real, mas é marcada «por uma delirante criatividade e por um extensivo uso de efeitos especiais e animação», pelo que a sessão que lhe é dedicada irá demonstrar que «antes do digital já este cineasta europeu construía preciosas peças cinematográficas que desafiam os limites da realidade e as restrições de orçamento».
A outra sessão de autor do Cinanima 2011 tem por base a obra do estúdio inglês dinamizado pelo casal de realizadores britânicos
John Halas e
Joy Batchelor, cuja filha
Vivien Halas integra o júri internacional deste ano.
Na segunda metade do século XX, o estúdio desta dupla afirmou-se como um dos mais importantes centros europeus de produção de cinema de animação dirigido ao grande público, começando por produzir pequenas curtas publicitárias para exibição em cineteatros, até que, no início da II Guerra Mundial, ganhou visibilidade com obras de informação e propaganda pró-aliados.
Em 1945
John Halas e
Joy Batchelor realizaram a primeira longa-metragem de animação do Reino Unido, antecedendo assim o filme que viria a ser o maior sucesso do seu estúdio,
«Animal Farm», que, baseado na obra homónima do escritor Georges Orwell, foi a primeira longa de animação inglesa a ser distribuída internacionalmente e estará agora em exibição em Espinho, «numa oportunidade rara de visionamento em grande ecrã».
Outros detalhes sobre as sessões competitivas do Cinanima 2011, os seus «workshops» e sessões Panorama podem ser consultados no
site oficial.
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