A relação entre uma cidade e o cinema, os locais de exibição e os públicos que os frequentam são tema de um colóquio que a Cinemateca acolhe na quinta e na sexta-feira em Lisboa.
O colóquio faz parte de um programa alargado que a Cinemateca está a realizar desde o início de setembro e que se prolongará até novembro, com mais de uma centena de filmes.
Quando o programa foi apresentado em agosto, o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, dizia que "não se trata de um ato de nostalgia, de lamentar e evocar nostalgicamente uma era em que o cinema era uma experiência coletiva de sala de cinema".
"Mas achamos que é urgente falar sobre o que de concreto está a acontecer nas cidades portuguesas e que não é igual ao que acontece noutros países, nomeadamente da Europa, onde a destruição do parque de salas não é tão radical", afirmou.
O colóquio abrirá na quinta-feira com José Manuel Costa, mas ao longo de dois dias pela Cinemateca vão passar vários investigadores e figuras ligadas ao cinema, como Margarida Acciaiuoli, o arquiteto Alexandre Alves Costa e o sociólogo francês Jacques Lumière.
O ponto de partida do programa da Cinemateca assenta em duas perguntas: o que acontece às cidades quando perdem as salas de cinema, ou as redes de salas nas grandes metrópoles, e o que acontece ao cinema quando as salas de contacto com o público desaparecem e o cinema passa a ser uma experiência isolada e individual através das novas tecnologias?
Até novembro, o ciclo "O cinema e a cidade" exibirá ainda filmes como "São Paulo, a symphonia da metrópole", filme mudo de 1929, de Rodolpho Rex Lustig e Adalberto Kemeny, "Lisboa, Crónica Anedótica" (1930), de Leitão de Barros, "Tokyo Days" (1988), de Chris Marker, "Roma, Cidade Aberta" (1945), de Roberto Rossellini, ou "Empire" (1964), de Andy Warhol.
Está prevista ainda uma sessão que incluirá a exibição de "Portuguese railway train", um dos primeiros filmes rodados em Portugal, assinado por Henry Short em 1896 e que regista a chegada de um comboio a Lisboa.
Comentários