Foi preciso chegar o épico norte-americano "Gladiador II" para desalojar "Corações Partidos" da liderança das bilheteiras da França ao fim de quatro semanas.
Do ator e realizador Gilles Lellouche, eis um filme francês que, desde 16 de outubro, está a ter um sucesso tremendo e a levar os mais jovens às salas de cinema, que enchem a seguir as redes sociais de comentários e reproduzem as cenas mais memoráveis.
Com estreia portuguesa marcada para 12 de dezembro, o épico romântico cheio de emoções fortes onde o amor ultrapassa tudo, protagonizado por François Civil ("Os Três Mosqueteiros") e Adèle Exarchopoulos ("A Vida de Adèle"), ultrapassou os quatro milhões de bilhetes vendidos (4.135.857) em apenas um mês de exibição.
O seu sucesso consolida 2024 como um ano excecional para o cinema francês: 10,8 milhões de espectadores para a comédia "Un p'tit truc en plus", de Artus, 9,3 milhões para uma nova versão de "O Conde de Monte Cristo" e, a este ritmo, "Corações Partidos" poderá aproximar-se dos seis milhões.
Os números impressionam ainda mais por causa da duração: 160 minutos. E chega ao nível de proeza pois os adolescentes veem poucos filmes franceses: de acordo com o último estudo do instituto Vertigo, entre os 14 e os 25 anos são apenas em média 11% do público, mas subiu para quase 30 % em "Corações Partidos".
Com público predominantemente feminino (75%), a história de amor entre Jackie e Clotaire, destinados a ficarem juntos apesar das adversidades, está a tornar-se o filme de uma geração. Como nota o meio francês RTL, são milhares os vídeos no TikTok com jovens a falar e a repetir cenas do filme, principalmente a que se refere às "457 palavras" (um 'spoiler' para ser descoberto pelos que forem ao cinema).
Esta semana, a equipa do filme partilhou que “457 palavras não são suficientes para agradecer”.
Do grande ecrã para a vida real
A adicionar ao 'encanto' que tomou conta dos espectadores: após meses de rumores e imagens de muita cumplicidade entre os dois nas passadeiras vermelhas, entrevistas e sessões fotográficas, Adèle Exarchopoulos assumiu implicitamente à revista “Paris Match” pouco depois da estreia a relação com François Civil, descrevendo um 'amor saudável' que dura há um ano.
Diga-se que Gilles Lellouche fez tudo para atiçar os rumores ao dizer no Festival de Cannes em maio que decidiu juntar os prodígios do cinema francês, ele com 34 anos e ela com 31, depois de ver uma óbvia cumplicidade quando os três coincidiram no filme de ação "Bac Nord" ("Marselha Debaixo de Fogo", 2020), comentando que a atriz 'olhava para François como se ele fosse um Deus'.
A atriz 'protestou' e o realizador esclareceu: “Olhei para eles e disse para mim mesmo: 'Mas eles não estão de todo a fazer a cena, os dois estão realmente ali…'. E foi isso que me veio à cabeça... a ideia de juntá-los para esta história".
Lellouche, autor do grande sucesso "Ou Nadas ou Afundas" (2018), conta a relação entre uma jovem estudante ajuizada e um marginal que comete pequenos delitos. As suas vidas cruzam-se na adolescência nas décadas de 1980 e 1990 e embora as circunstâncias de violência os separem ao longo dos anos, o seu romance permanece vivo.
“Queria fazer um filme um pouco despojado de cinismo”, explicou à France-Presse em Cannes, onde a equipa ficou em êxtase após os 15 minutos de aplausos na antestreia mundial, acrescentando que é como “um impulso poético e amoroso... a hora de encontrar novamente a inocência”.
"Corações Partidos" é adaptado de um romance do irlandês Neville Thompson, transferindo a história de Dublin para uma cidade costeira não especifica na França, e ainda tem no elenco outros nomes consagrados do cinema francês, como Alain Chabat, Vincent Lacoste, Elodie Bouchez, Benoît Poelvoorde, Elodie Bouchez e Raphaël Quenard, com as revelações Malik Frikah e Mallory Wanecque nas versões jovens das personagens de Civil e Exarchopoulos.
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