A caminho dos
Óscares 2025
"O Conde de Monte Cristo" é o filme mais nomeados para os prémios César, o equivalente francês aos Óscares.
Um mês antes da 50ª cerimónia e com 626 filmes elegíveis, a Academia de Cinema revelou esta quarta-feira os nomeados em 24 categorias, incluindo os que podem suceder a "Anatomia de uma Queda", que recebeu seis Césars no ano passado.
O filme francês mais caro de 2024 (43 milhões de euros de orçamento), uma adaptação do romance de Alexandre Dumas protagonizada por Pierre Niney (César de Melhor Ator em 2015 com "Yves Saint Laurent") e um dos grandes sucessos de bilheteira no país, com mais de 9,4 milhões de espectadores, recebeu 14 nomeações esta quarta-feira durante o anúncio em Paris.
Outro sucesso comercial do ano, "Corações Partidos", recebeu 13 nomeações, mas com escândalo: uma Academia cujas escolhas, por vezes, parecem estar desligadas do público, deixou-o de fora na corrida para Melhor Filme.
Além de muitas categorias técnicas, as nomeações incluem o realizador Gilles Lellouche, os protagonistas François Civil e Adèle Exarchopoulos (11 anos após o César de Revelação Feminina com “A Vida de Adèle”), os secundários Alain Chabat e Élodie Bouchez, e as revelações Malik Frikah e Mallory Wanecque.
A história de amor ao longo de muitos anos ao estilo de "Romeu e Julieta" levou mais de 4,9 milhões de espectadores às salas francesas e, após três adiamentos, surge a 17 de julho na agenda das estreias portuguesas.
Já consagrado nos prémios do cinema europeu e após bater o recorde de nomeações para os filmes não falados em inglês nos Óscares, o fogo de artifício visual e musical em castelhano sobre a transição de género de um traficante de drogas mexicano que é "Emília Pérez" recebeu 12 nomeações da Academia Francesa, menos uma do que da congénere americana. E ao contrário das estatuetas douradas, Karla Sofía Gascón e Zoë Saldaña vão ambas aqui competir na mesma categoria, Melhor Atriz. Dois filmes do seu realizador, Jacques Audiard, já ganharam os prémios: "De Tanto Bater o Meu Coração Parou" (2005) e "Um Profeta" (2009).
Os outros nomeados para Melhor Filme são "A História de Souleymane", de Boris Lojkine, sobre um imigrante africano que passa os seus dias a trabalhar como estafeta de comida e dorme todas as noites em centros de apoio a sem-abrigos (ainda nas salas portuguesa e oito nomeações ao todo), "Miséricorde", filme de autor para um público mais alternativo de Alain Guiraudie (sem estreia anunciada, também oito nomeações) e "Siga a Banda!", de Emmanuel Courcol, sobre dois irmãos com vidas muito diferentes mas a mesma paixão pela música que só se conhecem na idade adulta após um deles ter sido adotado, um sucesso nos cinemas francesas com mais de dois milhões de espectadores (atualmente a 13 de março nas estreias portuguesas, sete nomeações).
Em relação ao filme "A História de Souleymane", destaque para a nomeação em Melhor Revelação Masculina do seu protagonista Abou Sangaré, que acaba finalmente de obter autorização de residência na França após o seu primeiro papel no grande ecrã.
Após as polémicas nos últimos anos e a mais recente consagração de Justine Triet por “Anatomia de uma Queda”, nenhuma cineasta concorre ao troféu de Melhor Realização: Audiard, Lellouche, Lojkine e Guiraudie são acompanhados por Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière ("O Conde de Monte Cristo).
Os grandes amigos François Civil e Pierre Niney competem na categoria de Melhor Ator com Benjamin Lavernhe ("Siga a Banda!"), Karim Leklou ("Le Roman de Jim) e Tahar Rahim ("Monsieur Aznavour").
Além de Adèle Exarchopoulos, Karla Sofía Gascón e Zoe Saldaña, as nomeadas para Melhor Atriz São Hafsia Herzi, ("Borgo") e Hélène Vincent ("Quand vient l'automne").
Apesar de rodado na França e com equipa nacional, a co-produção "A Substância", de Coralie Fargeat, nomeada para cinco Óscares, surge apenas na corrida para Melhor Filme Estrangeiro, onde concorrerá com "Anora", "The Apprentice - A História de Trump", "A Semente do Figo Sagrado" e "A Zona de Interesse".
Para Melhor Filme de Animação, foram apenas nomeados "Flow - À Deriva" (na corrida a dois Óscares), "La Plus Précieuse des marchandises" e "Sauvages!".
O maior sucesso de bilheteira na França em 2024, "Un p'tit truc en plus" ["Uma coisinha extra", em tradução livre] (10,8 milhões de espectadores), realizado por Artus, de 36 anos, que foi cozinheiro antes de se tornar comediante, ator e agora realizador, interpretado por um grupo de atores com diversas deficiências, recebeu apenas uma nomeação, para Melhor Primeiro Filme.
Conhecidas as nomeações, os 4.951 membros da Academia, que se aproxima agora da paridade (45% mulheres), terão um mês para eleger os seus favoritos.
Os prémios serão apresentados no palco do Olympia de Paris no dia 28 de fevereiro. Com um sabor particular: os Césares celebram a sua 50.ª vela e ofereceram a presidência à rainha das atrizes francesas, Catherine Deneuve.
Durante a apresentação, o Canal+, que transmite a noite em sinal aberto, apostará no humor, com Jean-Pascal Zadi, Melhor Esperança Masculina de 2021 por “Tout simplement noir”, que se tornou desde então um ator muito requisitado.
Será acompanhado no palco por Emmanuelle Béart, Alice Belaïdi, Cécile de France, Hafsia Herzi, Bouli Lanners, William Lebghil, Vincent Macaigne, Pio Marmaï, Vimala Pons, Raphaël Quenard, Ludivine Sagnier e Justine Triet.
Apenas duas personalidades já sabem que receberão uma estatueta: a atriz norte-americana Julia Roberts e o cineasta Costa-Gavras, que receberão um César honorário.
Profundamente renovada depois de anos em que foi acusada de permanecer calada e de fechar os olhos à violência sexista e sexual na indústria, a 'Académie des César' anunciou que está a reforçar ainda mais as suas regras nesta área. Qualquer membro da Academia implicado pelos tribunais nessa situação terá o seu direito de voto suspenso até ao final do processo.
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