«What kind of bird are you?»
Neste filme há toda uma nova espécie de aves raras. Um corvo-marinho, uma galinha-d’água, uma coruja... Mas Frank (Michael Fassbender), a cabeça do grupo, o génio que dá nome ao filme, não recebe nenhum epíteto do género. Pelo contrário, é ele que nomeia, e é ele o enigma que todos querem mas não podem resolver.
No filme seguimos de perto a personagem de Jon (Domhnall Gleeson), o nosso portal subjetivo. É através dele que somos guiados até ao centro do vórtice: Frank e a sua banda, os «Soronprfbs». Jovem e ambicioso, descontente com o seu emprego de escritório, Jon sonha com a fama e a glória de uma carreira musical.
Quando surge a oportunidade de substituir o homem do teclado – que entretanto se tenta afogar no mar – ele não pensa duas vezes. Porém, ao lado da excentricidade criativa dos outros elementos da banda, aquilo que sobressai em Jon é a sua enorme falta de talento, comparável apenas à sua extrema dedicação e persistência.
Domhnall Gleeson empresta à personagem uma genuinidade absolutamente desarmante. Ele e Maggie Gyllenhaal (no papel de Clara) oferecem os momentos mais hilariantes do filme. Mas todo o «casting» é perfeito. Fassbender, mesmo debaixo da enorme máscara de papel, exerce uma força de atração irresistível.
A premiar as excelentes performances dos actores está, é claro, a música – criada «in loco» durante as filmagens. «I Love You All», com que termina «Frank», simplesmente não me sai da cabeça. Este ano, esta é já a segunda banda fictícia que adorava ver atuar (a outra é de «Ciclo Interrompido»). O mérito é também de Jon Ronson, o argumentista e autor das fabulosas letras, Stephen Rennicks, compositor da música original, e do realizador, Lenny Abrahamson, que juntos conseguem achar a harmonia no meio do caos.
Catarina Maia
4 estrelas
Revista Metropolis
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