A Disney mudou as mensagens que alertam para estereótipos em vários clássicos disponíveis na sua plataforma de streaming após o regresso de Donald Trump à presidência dos EUA.
Em outubro de 2020, começaram a surgir no Disney+ novas mensagens com a duração de 12 segundos sobre "representações negativas e/ou tratamentos abusivos de pessoas ou culturas" em clássicos de animação como "Dumbo" (1941), "As Aventuras de Peter Pan" (1953) e "Os Aristogatos" (1970), além de "A Família Robinson" (1960), acrescentando que "esses estereótipos eram incorretos na altura e continuam a sê-lo nos dias de hoje".
A Disney destacava que "não pretendemos remover este conteúdo, mas sim reconhecer o seu impacto nocivo e promover o diálogo para criar um futuro mais inclusivo" e "que está empenhada na criação de histórias com temas inspiradores e aspiracionais que reflitam a riqueza da diversidade da experiência humana em todo o mundo".
Agora, regressou à versão inicial de novembro de 2019 e mudou do início dos filmes para um guia informativo o aviso "Este programa é apresentado como foi originalmente criado e pode conter estereótipos ou representações negativas", segundo uma notícia dada em primeira mão da Axios e confirmada pelas revistas Variety e The Hollywood Reporter.
Na altura da publicação desta notícia, o SAPO Mag confirmou que se mantém o aviso de outubro de 2020 em Portugal.
No que está a ser relatado pela imprensa especializada como uma mudança estratégica após as decisões da nova administração republicana de eliminar muitas políticas DEI (diversidade, equidade e inclusão) para “restaurar os valores da dignidade individual, do trabalho árduo e da excelência… fundamentais para a grandeza americana”, a gigante do entretenimento também cortou 'discretamente' do seu mais recente relatório na segunda-feira às entidades reguladoras as referências à iniciativa “Reimagine Tomorrow”.
Lançado em 2021, o programa destinava-se a dar mais visibilidade a setores sub-representados. Apagado e reencaminhado para o novo endereço inclusion.twdc.com, o 'site' reimaginetomorrow.disney.com dizia que era 'a nossa forma de ampliar vozes sub-representadas e histórias por contar, bem como defender a importância de uma representação precisa nos media e entretenimento".
O relatório também não refere outros programas de valorização de funcionários e bolsas para talentos sub-representados, optando por destacar uma iniciativa existente destinada a contratar militares veteranos.
Numa mensagem interna, a diretora de recursos humanos da Disney informou que a sua métrica de avaliação de “Diversidade & Inclusão” será substituída por um novo fator de “Estratégia de Talentos”, mais focado em como os funcionários contribuem para o sucesso da empresa.
A Meta (Facebook), Google e o canal PBS são algumas das grandes empresas que cancelaram ou reduziram os seus programas DEI após a ordem executiva de Trump.
Esta quarta-feira, a entidade reguladora Federal Communications Commission (Comissão Federal de Comunicações) anunciou a abertura de investigações aos programas DEI das empresas Comcast e NBCUniversal para "garantir que [...] não estão a promover formas odiosas de discriminação, violando os regulamentos da FCC e as leis de direitos civis.”
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