“Summer of Soul”, que tem como subtítulo “Quando a revolução não passou na televisão”, recorda o Festival Cultural de Harlem, de celebração da música e da cultura negra, que aconteceu em 1969 em Nova Iorque, foi filmado, mas nunca exibido durante mais de 50 anos.
O realizador de “Summer of Soul”, o músico Questlove, recuperou as filmagens, acrescentou-lhes depoimentos de quem esteve nesse festival, complementou com outras imagens de arquivo, traçando um retrato social e cultural da comunidade negra nos Estados Unidos em 1969.
“Summer of Soul”, duplamente premiado no festival de Sundance (EUA), abre hoje o 18.º IndieLisboa, no cinema São Jorge, volta a acontecer no final do verão, e não na primavera, por causa da pandemia.
"É marcada pela covid-19, independentemente de nós queremos ou não, seja pelos filmes recebidos, pelas temáticas, seja pelo tempo que vivemos. As necessidades de programação servem para ser o reflexo dos seus tempos", afirmou à Lusa o programador Miguel Valverde.
Segundo Miguel Valverde, a pandemia refletiu-se também na produção de cinema português e na consequente seleção para a programação.
"Recebemos menos filmes este ano, tanto 'curtas' como 'longas'. E a produção portuguesa, se a de 'curta' não parou, e habitualmente é feita muito de forma espontânea, a de 'longas' parou", assegurou.
As quatro longas em competição são "No táxi do Jack", de Susana Nobre, "Rock Bottom Riser", de Fern Silva, "Simon Chama", de Marta Sousa Ribeiro - todas exibidas em festivais internacionais - e, em estreia mundial, "Granary Squares", de Gonçalo Lamas.
Entre as 'curtas' estão "Boa noite", de Catarina Ruivo, "Um quarto na cidade", de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, "Sopro", de Pocas Pascoal, "Tracing Utopia", de Catarina Sousa e Nick Tyson, e "The Shift", de Laura Carreira.
Está prevista uma retrospetiva dedicada à realizadora francesa Sarah Maldoror, que morreu em 2020, com o festival a juntar-se, assim, à discussão atual sobre colonialismos.
"Bad luck banging or loony porn", do romeno Radu Jude, Urso de Ouro em Berlim e rodado em plena pandemia, e "Nous", da francesa Alice Diop, um retrato fragmentado de quem habita nos subúrbios de Paris, também passam no IndieLisboa.
O festival termina a 06 de setembro com "Paraíso", filme de Sérgio Tréfaut, rodado no Brasil.
Em 2022, o festival deverá voltar ao calendário pré-pandemia, entre abril e maio.
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