O ator e realizador norte-americano George Clooney inaugurou esta quinta-feira o Festival de Cinema de Berlim e anunciou a intenção de se envolver na crise dos refugiados, reunindo-se com a chanceler alemã, Angela Merkel, para falar sobre o tema.
A Berlinale, celebrada até 21 de fevereiro, começou com a projeção de "Salve, César!", dos irmãos Coen. Esta comédia é uma declaração de amor à Hollywood clássica, com George Clooney no papel de uma estrela dos anos 1950 que desaparece em plena filmagem.
Conhecido pelo seu ativismo político e humanitário, especialmente sobre Darfur, o ator anunciou na conferência de imprensa que iria "reunir-se com Angela Merkel" na sexta-feira para "saber que coisas e que mensagens se pode transmitir (...) para ajudar" na crise dos refugiados.
A estrela afirmou que também se reuniria com refugiados.
"Dediquei muito tempo a estas questões. O meu interesse é total", disse o ator de 54 anos, que chegou a Berlim acompanhado da mulher Amal, de origem libanesa.
A crise dos refugiados é "um tema muito importante", insistiu o realizador Joel Coel perante a imprensa, na presença de outros atores de "Salve, César!", como Channing Tatum, Tilda Swinton e Josh Brolin.
Enquanto os países da União Europeia enfrentam a pior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, a Berlinale abordará com especial atenção o tema. Em 2015, a Alemanha recebeu mais de um milhão de pedidos de asilo.
Na programação do festival, uma dezena de filmes abordará o impacto das migrações num mundo globalizado.
Na mostra competitiva será exibido o documentário "Fuocoammare" [Fogo no mar], do italiano Gianfranco Rosi, ganhador do Leão de Ouro em Veneza por "Sacro GRA", sobre os moradores da ilha italiana de Lampedusa, um dos pontos de chegada dos migrantes.
Além da presença de vários títulos das sessões paralelas, a mostra, que sempre presta atenção a grandes questões sociais, recolherá fundos para os refugiados e convidará alguns deles para as projeções.
O júri será presidido pela atriz americana Meryl Streep, ganhadora de três Óscares, e conta com outros nomes consagrados como o ator britânico Clive Owen e a fotógrafa de moda francesa Brigitte Lacombe.
"Estou muito orgulhosa" deste papel, disse Streep perante os jornalistas, comemorando presidir um júri em que há mais mulheres (quatro) do que homens (três).
Os sete jurados terão que escolher o melhor entre 18 filmes na competição pelo Urso de Ouro, que no ano passado ficou com "Táxi de Jafar Panahi", do iraniano Jafar Panahi.
Na mostra oficial há vários filmes franceses, como "Quand on a 17 ans", de André Téchiné, uma crónica sobre a adolescência, e "L'Avenir", de Mia Hansen-Love, com Isabelle Huppert.
É muito aguardada a projeção do terceiro filme do ator e realizador suíço Vincent Pérez, "Alone in Berlin", em inglês, adaptando o romance homónimo do alemão Hans Fallada, em que Emma Thompson e Brendan Gleeson interpretam um casal que resiste ao nazismo após a morte do filho.
Integram também a mostra competitiva "Genius", do britânico Michael Grandage, com Colin Firth, Jude Law e Nicole Kidman, o 'thriller' de ficção científica "Midnight Special", do americano Jeff Nichols, conhecido por filmes como "Mud" e "Procurem Abrigo", e "Kollektivet" [A Comunidade], do dinamarquês Thomas Vinterberg, diretor de "A Festa".
Ao lado do filme de Vincent Perez, o nazismo também será lembrado no primeiro 'biopic' alemão sobre Anne Frank.
Fora da competição, o cineasta americano Spike Lee apresentará a sua comédia musical sobre a violência em Chicago "Chi-Raq" e seu compatriota, Michael Moore, o documentário "Where to Invade Next".
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