Os principais estúdios e plataformas de streaming de Hollywood não fizeram nenhuma nova proposta de contrato aos atores desde que começou a greve, disse o principal negociador do sindicato, que apelou às empresas para fazerem um esforço de boa fé.

Duncan Crabtree-Ireland, que negocia em nome dos 160 mil atores de cinema e televisão que pertencem ao Screen Actors Guild (SAG-AFTRA), atualizou o estado da paralisação na quinta-feira, o primeiro dia do Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), o maior da América da Norte.

A 14 de julho, os atores juntaram-se aos argumentistas no piquete, na primeira greve de toda a indústria em 63 anos, por questões salariais e outras condições de trabalho, paralisando efetivamente a gigantesca indústria do cinema e da televisão.

Quando questionado sobre como estavam as negociações, Crabtree-Ireland disse: "Os estúdios não voltaram à mesa. Eles não disseram que querem voltar à mesa. (...) Já passaram 56 dias".

O negociador - que apareceu na passadeira vermelha para a estreia de "O Menino e a Garça", de Hayao Miyazaki, a primeira grande exibição no TIFF - disse que "já está para lá do momento" de ser feito algum avanço.

"Peço-lhes que voltem à mesa e façam um acordo justo. Só assim estas greves chegarão ao fim", notou.

As greves paralisaram novas produções, mas também prejudicaram os festivais de cinema deste ano, com muitos atores a evitar as estreias para respeitarem as regras do SAG-AFTRA, que proíbem a promoção de projetos dos grandes estúdios e plataformas de streaming.

Isenções para comparecer nas passadeiras vermelhas e fazer promoção foram oferecidas em alguns casos: autorizações especiais aos projetos independentes cujos produtores aceitaram as condições propostas pelo sindicato dos atores aos grandes estúdios no último dia das negociações antes da greve, os chamados "acordos provisórios".

Crabtree-Ireland disse que veio a Toronto "para mostrar o nosso apoio aos festivais de cinema, em especial ao TIFF", e para encorajar os membros do sindicato a defenderem o seu trabalho quando acordos provisórios estiverem em vigor.

“Na verdade, ajuda o nosso esforço de greve, ajuda a luta que estamos a travar, para que estes projetos que assinaram o nosso acordo sejam promovidos e tenham sucesso”, disse.

O negociador acrescentou que mais de 1.200 produtores independentes assinaram o acordo, observando: "Eles percebem que os termos são razoáveis, os termos são absolutamente realistas e concretizáveis".