A caminho dos
Óscares 2025
"Imperdoável", diz Jacques Audiard, distanciando-se publicamente de Karla Sofía Gascón, a protagonista do seu filme "Emília Pérez".
O realizador admitiu que deixou de falar com a atriz espanhola, a primeira pessoa abertamente transgénero nomeada numa categoria de interpretação dos Óscares: ainda a 20 e 22 de janeiro estavam juntos a dar entrevistas em São Paulo (Brasil) para promover o filme nomeado para 13 Óscares, longe de imaginar o escândalo no dia 30 com a revelação das mensagens antigas nas redes sociais que causaram polémica sobre o Islão, os protestos anti-racismo nos EUA e até mesmo os próprios Óscares, que chamou de 'cerimónia feia'.
“Infelizmente, está a ocupar o espaço todo e isso deixa-me muito triste”, disse à publicação Deadline esta quarta-feira, reconhecendo que se tornou o principal tema quando se fala do seu filme.
"É muito difícil para mim pensar no trabalho que fiz com a Karla Sofía. A confiança que partilhámos, a atmosfera excecional que tivemos no set foi realmente baseada na confiança. E quando se tem esse tipo de relacionamento e de repente lê algo que aquela pessoa disse – coisas que são absolutamente odiosas e dignas de serem odiadas – é claro que esse relacionamento é afetado. É como se tivesse caído num buraco. Porque o que Karla Sofía disse é imperdoável.”, explicou.
A Netflix, que distribui "Emília Pérez" nos EUA e noutros países, não fez nenhuma declaração pública sobre a polémica, mas 'removeu' praticamente todo o rasto da protagonista na mais recente atualização da campanha para os Óscares na segunda-feira, conhecida por FYC [Four Your Consideration].
Mas Jacques Audiard admite que o que está a passar desde 30 de janeiro está a ter um impacto negativo na campanha do seu filme para os Óscares.
“Não falei com ela e não quero. Ela está numa abordagem autodestrutiva na qual não posso interferir, e realmente não percebo por que continua. Porquê é que ela está a prejudicar-se a si mesma? Porquê? Não percebo e o que também não percebo sobre isto é por que está a prejudicar pessoas que eram tão próximas dela. Estou a pensar em como ela está a magoar os outros, em como está a magoar a equipa e todas estas pessoas que trabalharam tanto neste filme. Estou a pensar em mim, estou a pensar na Zoë [Saldaña] e na Selena [Gomez]. Não consigo perceber por que é que ela continua a prejudicar-nos."
E reforçou: "Não vou entrar em contacto porque ela precisa de espaço para refletir e assumir a responsabilidade pelas suas ações”.
Referindo-se às declarações posteriores da atriz, feitas à revelia do estúdio Netflix, onde pediu desculpa e insistiu que 'não é racista', o realizador partilha a opinião dos que acham que não foi convincente: "Está realmente a fazer-se de vítima. Está a falar de si mesma como vítima, o que é surpreendente. É como se pensasse que as palavras não magoam."
Na sexta-feira, Zoë Saldaña fora a primeira a distanciar-se da colega de elenco durante uma sessão em Londres.
“Fico muito triste porque não apoio e não tenho qualquer tolerância com qualquer retórica negativa em relação a pessoas de qualquer grupo. Só posso atestar a experiência que tive com cada pessoa que fez parte, que faz parte, deste filme, e a minha experiência e as minhas interações foram sobre inclusão e colaboração e equidade racial, cultural e de género. E isso só me entristece.”, disse a nomeada para o Óscar de Melhor Atriz Secundária.
A 97.ª edição dos Óscares está marcada para 2 de março de 2025, em Los Angeles, Califórnia, com apresentação de Conan O’Brien.
TRAILER "EMÍLIA PÉREZ".
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