Morreu Robert Evans, que produziu clássicos que contribuíram para revitalizar o cinema na década de 70, como "O Padrinho" e "Chinatown".
O lendário magnata de Hollywood faleceu na sexta-feira, informou o seu representante. Tinha 89 anos e não foram dados mais detalhes sobre as causas, mas sabe-se que tinha sofrido várias tromboses nos últimos meses.
Robert Evans era conhecido por salvar os estúdios Paramount, assim como pelo seu estilo de vida sensacionalista, que incluiu sete casamentos (incluindo com as atrizes Ali MacGraw e Catherine Oxenberg) e vícios como a cocaína.
Assumindo a direção de produção da Paramount em 1966, quando tinha apenas 36 anos, o mais jovem do seu tempo, iniciou uma era de grande sucesso para o estúdio produzindo clássicos como "A Semente do Diabo" (1968), de Roman Polanski, "Love Story" (1970), de Arthur Hiller, "A Confissão", de Costa-Gravas", a que se seguiram "O Padrinho" (1972) e a sequela (1974), ambas de Francis Ford Coppola, tal como "O Vigilante" (1974), e ainda "Serpico", de Sidney Lumet (1973).
"Lembro-me do charme, beleza, entusiasmo, estilo e sentido de humor de Bob Evans", escreveu Coppola em comunicado sobre o produtor com quem manteve uma relação várias vezes contenciosa.
"Ele tinha um forte instinto, como mostra a longa lista de grandes filmes da sua carreira", acrescentou, lembrando que foi Evans quem deu a permissão à duração de "O Padrinho", de quase três horas.
Outros títulos desse período de destaque foram "Descalços no Parque" (1967), "The Odd Couple" (1968), "Um Golpe em Itália" (1969), "A Velha Raposa" (1969) e "Harold and Maude" (1971).
Foi, como escreveu o estúdio, uma figura "maior do que a vida" que deixou "um legado tão rico e animado como a sua personalidade".
Evans foi nomeado apenas uma única vez para os Óscares, pela produção de "Chinatown", também realizado por Polanski, em 1974.
Após esse filme, desagradado com as suas compensações financeiras pelos sucessos e desejoso de produzir filmes por si mesmo, fez um acordo com a Paramount e lançou-se de forma independente, daí resultando títulos como "O Homem da Maratona" (1976), "Domingo Negro" (1977) e "O Cowboy da Noite" (1980).
Posteriormente, produziu de forma menos regular e sem o mesmo sucesso, um período que incluiu "Cotton Club", novamente de Coppola, "O Caso da Mulher Infiel" (1990), "Violação de Privacidade" (1993), "Jade" (1995), "O Santo" (1997) e "Como Perder um Homem em 10 Dias" (2003).
"Quebrei todas as regras e funcionou para mim e contra mim, mas estava-me nas tintas", descreveu um dia o seu "segredo".
Nascido em 1930 em Nova Iorque e com aspeto de estrela de cinema, Evans começou por ser sócio numa firma de confeção de roupas antes de se mudar para Los Angeles para começar uma carreira como ator. Sem grande sucesso e após várias rejeições, passou a trabalhar na área de produção.
Em 1994, escreveu a sua autobiografia incontornável "The Kid Stays in the Picture", que deu origem a um documentário igualmente celebrado com o mesmo título em 2002.
O título [O rapaz fica no filme] era uma referência a uma frase de outro magnata de Hollywood, Darryl F. Zanuck, que rejeitou os pedidos para o substituir feitos por um contingente de atores de "... E o Sol Também Brilha" (1957).
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