Sharon Stone revelou a identidade dos envolvidos numa história que causou sensação na sua autobiografia “The Beauty of Living Twice": a de ter sido pressionada pelo produtor de um filme para dormir com o colega com quem contracenava para conseguir que ele fosse melhor ator.
"Ele andava de um lado para o outro no seu escritório [...] enquanto me explicava por que eu deveria fo*** o meu colega protagonista para que pudéssemos ter química na tela. Agora, acham que se fizesse sexo com ele, ele iria tornar-se um bom ator? Ninguém é tão bom na cama. Senti que eles poderiam simplesmente ter contratado um colega protagonista com talento, alguém que pudesse fazer uma cena e recordar os seus diálogos", escrevia em 2021.
A atriz recusou o pedido e disse que o seu trabalho era representar.
Na segunda-feira, surgiu a revelação de que o produtor em causa era Robert Evans e o ator William Baldwin, e tudo aconteceu durante a rodagem de "Violação de Privacidade", um controverso e fracassado 'thriller' erótico lançado em 1993, um ano após o sucesso de "Instinto Fatal", que a atriz disse um dia que detestava e gostaria de fazer desaparecer todas as cópias.
“Chamou-me ao escritório dele. Tinha aqueles sofás muito baixos dos anos 70 e 80, portanto basicamente estou sentada no chão, quando deveria estar no set”, contou no podcast de Louis Theroux.
“E ele está a andar pelo escritório de óculos escuros a explicar-me que dormiu com a Ava Gardner e que eu deveria dormir com o Billy Baldwin, porque se dormisse com ele o desempenho melhoraria, e precisávamos que melhorasse no filme porque esse era o problema", recordou.
Stone acrescentou que o produtor estava convencido que dormir com o ator faria com que o par tivesse "melhor química no ecrã" e isso "salvaria o filme".
A situação era desconcertante: “O verdadeiro problema do filme era eu, porque estava muito nervosa e portanto não era uma atriz a sério, que poderia simplesmente fazer sexo com ele e colocar as coisas no caminho certo. O verdadeiro problema é que eu era uma idiota”.
A atriz acrescenta que ficou frustrada porque os envolvidos na produção não ouviram as suas sugestões sobre o ator que deveriam escolher, como Michael Douglas.
"Não tive de fazer sexo com o Michael Douglas. O Michael chegava ao trabalho e sabia o que fazia, dizia os diálogos, ensaiava e estava preparado. Agora, de repente, estou no negócio de 'tenho de fazer sexo com os colegas'", desabafou.
Robert Evans faleceu em 2019, aos 89 anos.
Foi um lendário magnata de Hollywood, conhecido no seu auge por salvar os estúdios Paramount, e pelo seu estilo de vida sensacionalista, que incluiu sete casamentos (incluindo com as atrizes Ali MacGraw e Catherine Oxenberg) e vícios como a cocaína.
Durante a sua gestão do grande estúdio de Hollywood foram lançados filmes como "A Semente do Diabo" (1968), de Roman Polanski, "Love Story" (1970), de Arthur Hiller, "A Confissão", de Costa-Gravas", "O Padrinho" (1972) e a sequela (1974), ambas de Francis Ford Coppola, tal como "O Vigilante" (1974), e ainda "Serpico", de Sidney Lumet (1973).
Desagradado com as suas compensações financeiras pelos sucessos e desejoso de produzir filmes por si mesmo, fez um acordo com a Paramount e lançou-se de forma independente, com filmes como "O Homem da Maratona" (1976), "Domingo Negro" (1977) e "O Cowboy da Noite" (1980).
A seguir, tornou-se mais irregular e sem o mesmo sucesso, um período que incluiu "Cotton Club", novamente de Coppola, "O Caso da Mulher Infiel" (1990), "Violação de Privacidade" (1993), "Jade" (1995), "O Santo" (1997) e "Como Perder um Homem em 10 Dias" (2003).
Em 1994, escreveu a sua autobiografia incontornável "The Kid Stays in the Picture" [O rapaz fica no filme], que deu origem a um documentário igualmente celebrado com o mesmo título em 2002.
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