A atriz espanhola Verónica Forqué, que trabalhou com o aclamado cineasta Pedro Almodóvar, entre outros, foi encontrada morta esta segunda-feira, na sua casa em Madrid, aparentemente como consequência de um suicídio - confirmaram fontes policiais à France-Presse.

"Tirou a vida na sua casa em Madrid", declararam essas fontes, sem dar mais detalhes.

Filha do realizador José María Forqué (1923-1995) e da atriz e escritora Carmen Vázquez-Vigo (1923-2018), Verónica nasceu em 1955, em Madrid. Começou a trabalhar no cinema atuando nos filmes do pai, no início dos anos 1970.

A sua estreia, ainda quase adolescente, foi em 1972, com "Mi Querida Señorita", de Jaime de Armiñán. Nos primeiros anos de sua carreira, além de filmar sob a direção do pai, também trabalhou com Carlos Saura e Manuel Gutiérrez Aragón, dois dos grandes cineastas espanhóis.

Foi em 1984, porém, no elenco do filme de Pedro Almodóvar "Que Fiz Eu para Merecer Isto?", que Verónica Forqué alcançou popularidade.

Com Almodóvar, repetiu o sucesso nos filmes "Matador" (1986) e "Kika" (1993), estabelecendo-se como uma das atrizes mais prolíficas e amadas pelo público espanhol.

Além de ter sido premiada com dois Sant Jordi, três Fotogramas de Plata e também agraciada nos festivais de Valladolid e Málaga, entre outros, o impacto de Verónica Forqué encontra-se ainda em quatro Goya, os "Óscares" do cinema espanhol: além do prémio como protagonista de "Kika", foi distinguida logo na primeira cerimónia como secundária em "Os Anos da Luz" (1986); e na segunda, tanto como atriz principal com "La vida alegre" como secundária em "Moros y cristianos" (1987). Foi ainda nomeada na principal categoria de interpretação por "Bajarse al moro" (1989).

Ao saber da sua morte, a produtora de Almodóvar, El Deseo, divulgou uma mensagem, na qual manifestou sua tristeza: "O vazio que isto deixa nas nossas vidas e no nosso cinema é irrecuperável. Foi-se uma atriz extraordinária e uma pessoa insubstituível com quem tivemos a honra de trabalhar e partilhar a vida. Faça uma boa viagem, Verónica".

"Adeus, Verónica Forqué. Trabalhei há anos com ela, e a minha lembrança é a de uma mulher doce, espiritual e boa companheira. D.E.P", declarou o ator espanhol Antonio Banderas no Twitter.

"As pessoas amam-me"

Rossy de Palma e Verónica Forqué em "Kika"

Verónica Forqué está ligada ao cinema espanhol dos anos 1980 e 1990, muitas vezes irreverente e festivo, da transição política. Tinha talento para o drama e para a comédia, o que a tornava uma das atrizes mais queridas da Espanha, graças a filmes com Fernando Colomo, Manuel Gómez Pereira, Manuel Iborra e Joaquín Oristrell que a tornaram “uma das caras principais da comédia espanhola”.

"Sei que as pessoas me amam. É algo que valorizo muito, que cuido, porque é um presente precioso. Não sou uma pessoa complicada e acho que tenho um bom caráter", declarou a atriz, em entrevista ao jornal El País em 2019.

Numa mensagem de despedida nas redes sociais, a Academia de Cinema Espanhola descreveu-a como "um rosto essencial do cinema espanhol nas últimas décadas".

"Deixa-nos uma atriz brilhante e uma pessoa encantadora. Foi maravilhoso poder conhecê-la", disse Pablo Iglesias, ex-vice-presidente de governo e ex-líder da formação Podemos [esquerda], no Twitter.

Os motivos do suicídio são desconhecidos, mas o realizador, ator e produtor Carlo D'Ursi escreveu uma triste reflexão no seu perfil no Twitter, citado esta segunda-feira pelo jornal El Confidencial: "Morrer sozinha, com 66 anos e vítima de depressão, não estava escrito em nenhum argumento".