O cinema perdeu aos 81 anos o realizador John G. Avildsen, vítima de cancro do pâncreas.
Poucos como ele mostraram em momentos-chave da cultura popular o espírito dos "underdogs", aqueles que eram vistos como os mais fracos, os prováveis perdedores que, contra todas as expectativas, se superavam e conseguiam triunfar.
Era essa a história de "Rocky", feito por um milhão de dólares e que, além do Óscar de Melhor Filme referente a 1976, lhe valeu o prémio da realização: o seu herói era Rocky Balboa (Sylvester Stallone), um aspirante a pugilista profissional que trabalhava numa fábrica de carnes e tinha a oportunidade de lutar com o campeão de pesos-pesados Apollo Creed.
Em 1984, o "underdog" chamava-se Daniel LaRusso (Ralph Macchio) e era um jovem que se mudava para Los Angeles e começava a ser hostilizado por alunos de Karaté, pedindo ajuda a um vizinho, mestre de artes marciais: o filme chamava-se "The Karate Kid", "Momento da Verdade" em Portugal. Avildsen assinou mais duas sequelas, de qualidade progressivamente inferior, em 1986 e 1989.
Foram os momentos de ouro na carreira de um realizador competente que chegou a Hollywood no início dos anos 60 e começou a trabalhar em fotografia e como assistente de Otto Preminger e Arthur Penn.
O primeiro sucesso que assinou foi "Joe" (1970), sobre um extremista (Peter Boyle) que se apanhava com uma arma na mão e iniciava uma explosão de violência após a filha ter uma overdose (Susan Sarandon, no primeiro filme).
Foi aí que revelou logo o talento para fazer muito com poucos recursos que tão importante seria em "Rocky": o filme custou 106 mil dólares e rendeu mais de 19 milhões só nos EUA. Hoje é um título de culto.
Outro trabalho, "Sonhos do Passado" (1973), valeu o Óscar de Melhor Ator a Jack Lemmon pela interpretação de um homem apanhado no choque entre o seu passado e o vazio da vida no presente.
A carreira terminou em tom menor com o esquecido "8 Seconds" em 1994, sobre um lendário campeão de rodeos, e em má hora também não resistiu a regressar à saga "Rocky", assinando o medíocre quinto filme (1990), mas foi ainda nomeado para os Óscares pela curta-metragem "Travelling Hopefully" (1982) e dirigiu John Belushi e Dan Aykroyd na comédia "Mas Que Vizinhos" (1981).
Fez ainda dois bons filmes com Morgan Freeman, "Confia em Mim" (1989) e "O Poder de um Jovem" (1992).
AS REAÇÕES.
Sylvester Stallone: "O grande realizador John G. Avildsen, que ganhou o Óscar por dirigir Rocky! R. I. P. Tenho a certeza que irás realizar em breve Sucessos no Céu. Obrigado, Sly"
Ralph Macchio: RIP ao meu amigo e realizador "Karate Kid" John G. Avildsen. Ele trouxe histórias inspiradoras para todos nós e teve uma mão orientadora em mudar a minha vida".
William Zabka: "Ele agraciou a minha vida e inspirou-nos a todos. Sentirei muito a sua falta. Todo o meu amor para a família. RIP John G. Avildsen"
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