O cineasta e escritor francês Alexandre Astruc, um dos pais espirituais da 'Nouvelle Vague', morreu na madrugada desta quinta-feira em Paris, aos 92 anos.
Figura do Saint-Germain-des-Prés pós-guerra e teórico da "la caméra-stylo" [“A Câmara-Esferográfica”], um ensaio de 1948 que considerava o cinema como o equivalente da literatura, hesitava em se definir a si mesmo como "um cineasta que escrevia livros ou um escritor realizava filmes".
Ele foi o precursor da "política dos autores" liderada por François Truffaut, Jean-Luc Godard e Claude Chabrol, conhecida como a Nova Vaga, profundamente influenciados pelo ensaio.
Nascido a 13 de julho de 1923, em Paris, o jovem entusiasta da matemática foi contagiado pela literatura e passou a escrever artigos para jornais durante os anos sombrios da ocupação alemã.
Após a Libertação, conheceu os escritores Jean-Paul Sartre e Albert Camus, a cantora Juliette Greco, e encantou-se com Robert Bresson, Roberto Rossellini, Alfred Hitchcock e Orson Welles.
Astruc alternou filmes, romances e ensaios: "Confluences", "Poésie 44" ou "Les Vacances", publicado em 1945, são o prelúdio para a curta-metragem "Le Rideau Cramoisi" (1953), uma adaptação cinematográfica de Barbey d'Aurevilly.
Em 1954, dirigiu "Les Mauvaises Rencontres", elogiado por François Truffaut, e assinou duas adaptações de obras literárias, "Uma Vida", de Maupassant (1958) e "A Educação Sentimental" de Flaubert (1961).
Na década de 1970, Alexandre Astruc foi para a televisão, apresentando um documentário sobre Sartre, "Sartre par lui-même" (1976) e fazendo telefilmes a partir de obras de Edgar Allan Poe ou Balzac.
Regressando à escrita, publicou"Le Roman de Descartes" (1989), uma antologia dos seus textos críticos, e as suas memórias em "Le Montreur d'Ombres" (1996).
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