A COVID-19 fechou cinemas e adiou estreias. Para milhões de pessoas, ver filmes por streaming em casa tornou-se o novo normal.

Com os grandes estúdios de Hollywood a tentarem ajustar-se à nova realidade, debate-se se a pandemia vai conseguir acabar com os cinemas.

Mas Steven Spielberg tem "quase a certeza" que as pessoas vão regressar quando for considerado seguro.

Num depoimento que está a ser muito partilhado nas últimas horas para o número especial da revista britânica Empire que celebra os cinemas, coordenado pelo realizador Edgar Wright, o cineasta mais influente dos últimos 46 anos ("Tubarão" é de 1975) recorda que se dedicou "sempre à comunidade que vai ao cinema - ir ao cinema, no sentido de sair das nossas casas para ir às salas, e à comunidade, o que significa um sentimento de irmandade com outras pessoas que deixaram as suas casas e estão sentadas connosco".

"No cinema, vemos filmes com pessoas importantes nas nossas vidas, mas também na companhia de estranhos. Essa é a magia que temos quando saímos para ver um filme ou uma peça ou um concerto ou um espetáculo de comédia. Não sabemos quem são todas essas pessoas sentadas à nossa volta, mas quando a experiência nos faz rir ou chorar ou celebrar ou refletir, e depois quando as luzes se acendem e deixamos os nossos lugares, as pessoas com quem nos dirigimos para o mundo real não parecem ser mais completos estranhos.", relembra o realizador.

"Tornamo-nos uma comunidade, iguais em coração e espírito, ou pelo menos semelhantes por termos partilhado durante algumas horas uma experiência poderosa. Aquele breve intervalo num cinema não apaga as muitas coisas que nos dividem: raça ou classe ou crenças ou género ou políticas. Mas o nosso país e o nosso mundo parecem menos divididos, menos fraturados, após uma congregação de estranhos ter rido, chorado, saltado juntos nos seus lugares, ao mesmo tempo.", reforça o realizador, que tem uma nova versão de "West Side Story" pronta à espera da plena reabertura dos cinemas.

"A arte pede que tenhamos consciência do específico e do universal ao mesmo tempo. E é por isso que, de todas as coisas que têm o potencial de nos unir, nenhuma é mais poderosa do que a experiência comunal das artes.", conclui.