Já se torna um clássico: sempre que chega um novo filme de Quentin Tarantino, também surge a pergunta: "Vai avançar com 'Kill Bill 3'?".

Foi o próprio que se encarregou de ir alimentando a ideia, deixando pistas logo a seguir à estreia de "Kill Bill — A Vingança — Vol. 2" em 2004, adiantando que a sequela versaria Beatrix Kiddo (Uma Thurman) a lutar contra a vingança da filha da sua última vítima, Vernita Green, personagem vivida por Vivica A. Fox.

"Ia fazer um a cada dez anos. Mas preciso pelo menos de 15 antes de fazer outra vez. Já tenho toda a mitologia: Sofia Fatale vai receber todo o dinheiro de Bill. Ela vai criar Nikki, que vai enfrentar A Noiva. A Nikki merece a sua vingança tanto como A Noiva mereceu a dela."

Porém, com o passar do tempo, o cineasta revelou-se menos fiável, tanto declarando que apenas aguardavam que a filha ficasse mais velha para avançar como recusando liminarmente o projeto em 2012.

Agora a promover "Os Oito Odiados", o tom parece mais otimista.

"Definitivamente existe uma possibilidade — ainda distante de ser uma probabilidade. Mas pode acontecer", declarou no final da entrevista a Ben Mankiewicz no programa "What The Flick?!".

"Especialmente por uma razão — eu e a Uma [Thurman] realmente iríamos gostar de trabalhar juntos outra vez", acrescentou.

"E fiz a personagem de Beatriz Kiddo passar por muita coisa. E portanto quis que ela tivesse este tempo todo para ter paz. Queria que passasse algum tempo com a filha e não ter de estar inserida numa máquina de géneros [cinematográficos]. Queria que  ela realmente aproveitasse a vida durante algum tempo."

Tarantino elaborou ainda sobre a importância dos dois filmes (que no fundo, são um) no contexto da sua obra.

"'Kill Bill' é de longe provavelmente o meu filme mais visionário, em que fui muito para lá das coisas de 'Pulp Fiction' para criar este mundo que realmente não existia.... onde de facto existem espaços ao lado dos assentos nos aviões para guardar sabres de samurai e todos simplesmente aceitam isso." É talvez a minha maior contribuição visionária cinematográfica. Desde então, o meu trabalho encaminhou-se para o literário e tornou-se progressivamente mais denso... pelo que seria bom voltar a um mundo visceral em que não é mais sobre palavras". concluiu.